14.04.2013 Views

Texto completo em PDF - Museu da Vida

Texto completo em PDF - Museu da Vida

Texto completo em PDF - Museu da Vida

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

fabricação de robôs) já aparece logo no início do seu texto, no primeiro fragmento que<br />

apresentamos: para Glacy de Roure, é uma “ilusão” o hom<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porâneo “arvorar-se<br />

Deus” e intervir na criação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Após esse breve comentário sobre o caráter subjetivo nas resenhas aqui seleciona<strong>da</strong>s,<br />

pass<strong>em</strong>os agora ao caráter dialógico desses discursos, aspecto já abor<strong>da</strong>do nos capítulos<br />

anteriores dedicados aos artigos e às reportagens. O gênero resenha, além de dialogar com um<br />

determinado público leitor, e obrigatoriamente, com a obra que está sendo resenha<strong>da</strong>, também<br />

pode ser alimentado por outras “vozes” (cf. CORACINI, 1991) – incluindo obras científicas<br />

às quais o objeto <strong>da</strong> resenha se refere, e que segundo BAKTHIN (1997, p. 298), também são<br />

“uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> comunicação verbal”, apesar de tudo o que as distingue <strong>da</strong> réplica do diálogo,<br />

pois s<strong>em</strong>pre dialogam com outras obras científicas anteriores a elas. Os fragmentos abaixo são<br />

ex<strong>em</strong>plos dessas outras “vozes” que aparec<strong>em</strong> nas resenhas aqui analisa<strong>da</strong>s.<br />

(Resenha 1 - Fragmento 6)<br />

O título, Na senzala, uma flor: esperanças e recor<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> família escrava – Brasil,<br />

Sudeste, século XIX, é uma contraposição ao relato de um viajante francês, que visitou<br />

o Brasil <strong>em</strong> 1859, Charles Ribeyrolles, e que afirmou ser<strong>em</strong> os escravos indivíduos<br />

imersos <strong>em</strong> um universo de dor, promiscui<strong>da</strong>de sexual e “bestiali<strong>da</strong>de”. Desprovidos<br />

de condições mínimas que levass<strong>em</strong> à constituição de famílias, viviam como<br />

“ninha<strong>da</strong>s” e, deste modo, ele concluiu que não havia entre eles nenhuma perspectiva<br />

de passado e de futuro: “Nos cubículos dos negros, jamais vi uma flor: é que lá não<br />

exist<strong>em</strong> esperanças n<strong>em</strong> recor<strong>da</strong>ções” [escreveu o viajante francês]. (grifos meus)<br />

O que Daniel Chiozzini faz, no fragmento acima e nos seguintes, é recuperar para o<br />

público leitor as obras com as quais Robert Slennes dialoga <strong>em</strong> seu livro, especialmente “as<br />

obras de tendência oposta, com as quais o autor luta” (cf. BAKTHIN, id<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>). Como<br />

historiador, o autor <strong>da</strong> resenha apresenta para o leitor leigo a imag<strong>em</strong> que viajantes<br />

estrangeiros faziam do universo <strong>da</strong> escravidão no Brasil no século XIX – crucial na<br />

composição do título do livro de Slennes, que é também uma síntese <strong>da</strong> obra. Abaixo,<br />

Chiozzini relaciona essa imag<strong>em</strong> a teóricos de um determinado período do campo<br />

historiográfico.<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!