Texto completo em PDF - Museu da Vida
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As informações evoca<strong>da</strong>s no fragmento acima levam à suposição de que a imag<strong>em</strong> do<br />
“leitor virtual” feita por Ianni na construção de seu texto é a de uma pessoa familiariza<strong>da</strong> com<br />
episódios históricos do período <strong>da</strong>s grandes navegações que levaram à “conquista” do Novo<br />
Mundo, com autores como Herbert Spencer e Geoges Lapouge e com teorias como a<br />
evolucionista – talvez estu<strong>da</strong>ntes de graduação <strong>em</strong> ciências sociais. Ianni não explicita no<br />
“Artigo 1” qual seria esse “dil<strong>em</strong>a envolvido entre Bartolomeu de Las Casas e Juan Gines de<br />
Sepúlve<strong>da</strong>” e n<strong>em</strong> diz qu<strong>em</strong> seriam esses senhores ou a que corrente teórica estariam ligados<br />
Spencer ou Lapouge. O texto de Beiguelman, por sua vez, mesmo estando recheado de<br />
explicações claramente volta<strong>da</strong>s para um público leigo nos seus seis primeiros parágrafos<br />
(como as que aparec<strong>em</strong> nos fragmentos 3, 4 e 5), apresenta na parte final termos que pod<strong>em</strong><br />
não ser familiares para um grande universo de leitores.<br />
(Artigo 2 - Fragmento 7)<br />
... a razão entre os ovócitos 17 necessários e os conceptos resultantes é muito alta, além<br />
do que, é alta a proporção dos conceptos gerados por essa técnica que apresentam<br />
anomalias congênitas, ou que vão a óbito neonatal por probl<strong>em</strong>as respiratórios e<br />
circulatórios ou, ain<strong>da</strong>, que apresentam peso excessivamente alto associado a aumento<br />
do volume placentário (grifos meus)<br />
Mesmo considerando que alguns dos termos sublinhados no fragmento acima possam<br />
ter o seu significado deduzido pelo contexto, tal dedução exige do leitor um conhecimento<br />
mínimo sobre reprodução humana, área na qual Bernardo Beiguelman é especialista. O<br />
“Artigo 2” apresenta uma particulari<strong>da</strong>de nesse sentido: apenas sua parte inicial é marca<strong>da</strong><br />
pelo distanciamento do autor, através do uso <strong>da</strong> 3ª pessoa, com explicações gerais sobre<br />
clonag<strong>em</strong>; nos cinco parágrafos finais, contudo, onde aparec<strong>em</strong> vários termos técnicos <strong>da</strong> área<br />
de reprodução humana (alguns ex<strong>em</strong>plificados no fragmento 7), o autor se posiciona<br />
claramente para argumentar sobre a afirmação que dá título ao seu texto (“Na<strong>da</strong> contra a<br />
clonag<strong>em</strong>”). Já o “Artigo 1”, de Ianni, apesar <strong>da</strong>s marcas de subjetivi<strong>da</strong>de que destacar<strong>em</strong>os<br />
adiante, não apresenta um único uso de 1ª pessoa, n<strong>em</strong> mesmo no plural – uma <strong>da</strong>s artimanhas<br />
discursivas usa<strong>da</strong>s para que o distanciamento se mantenha pelo menos aparente.<br />
17 No parágrafo que precede o fragmento 7, a palavra “ovócito” aparece entre parêntesis logo após a expressão<br />
que ela designa: “célula sexual f<strong>em</strong>inina”.<br />
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