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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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possíveis conseqüências negativas que ela poderia trazer no futuro. Trata-se de uma estratégia<br />

argumentativa onde o prognóstico feito por Mayana Zatz na<strong>da</strong> mais é do que um juízo de<br />

valor pessoal, não podendo ser comprovado e n<strong>em</strong> negado. O argumento que ela usa para<br />

justificar que “a clonag<strong>em</strong> reprodutiva nunca vai acontecer <strong>em</strong> larga escala” é o de que o<br />

procedimento é caro. Mas alguns dos que combat<strong>em</strong> o uso de <strong>em</strong>briões <strong>em</strong> pesquisas, que ao<br />

contrário de Zatz, não minimizam os possíveis riscos, t<strong>em</strong><strong>em</strong> que a técnica possa ser usa<strong>da</strong><br />

um dia <strong>em</strong> benefício de um governo totalitário, que segundo eles, não pouparia recursos para<br />

investir na criação de um exército de clones. Antes mesmo <strong>da</strong> ciência anunciar a clonag<strong>em</strong> de<br />

animais de grande porte – o marco mais conhecido é o nascimento <strong>da</strong> ovelha Dolly, <strong>em</strong><br />

1997 –, a ficção já apontava receios ante os avanços tecnológicos: no romance Admirável<br />

Mundo Novo, de 1931, o escritor inglês Aldous Huxley apresenta uma socie<strong>da</strong>de totalitária do<br />

futuro <strong>em</strong> que as crianças seriam concebi<strong>da</strong>s e gesta<strong>da</strong>s <strong>em</strong> laboratório, na forma de clones<br />

divididos <strong>em</strong> castas.<br />

A análise feita neste capítulo talvez possa ter contribuído para que tanto pesquisadores<br />

<strong>da</strong> área de comunicação quanto analistas do discurso vejam que o gênero entrevista pode<br />

propiciar estudos muito profícuos <strong>em</strong> seus campos de investigação. Mostramos que a sua<br />

classificação entre os gêneros jornalísticos informativos, feita por MELO (1983), pode ser, de<br />

certa forma, compl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong>, já que apesar de a entrevista ser s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> a técnica básica do<br />

jornalismo para obtenção de informações (cf. LAGE, 1982 e ERBOLATO, 1985), é também o<br />

recurso utilizado pelos veículos para que uma fonte liga<strong>da</strong> a um determinado assunto opina<br />

sobre ele ou sobre as informações a ele relaciona<strong>da</strong>s.<br />

Também observamos na análise acima que o gênero entrevista, a ex<strong>em</strong>plo do gênero<br />

artigo, coloca um personag<strong>em</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>em</strong> evidência para discorrer sobre um assunto de<br />

sua especiali<strong>da</strong>de, mas o faz a partir <strong>da</strong>s perguntas feitas pelo repórter/entrevistador, a maioria<br />

<strong>da</strong>s quais é previamente defini<strong>da</strong> <strong>em</strong> um roteiro preparado antes <strong>da</strong> entrevista. E vimos, ain<strong>da</strong>,<br />

que o repórter, conhecedor prévio <strong>da</strong> atuação do entrevistado e de determina<strong>da</strong>s posições suas,<br />

pode antecipar-se a ele <strong>em</strong>butindo <strong>em</strong> sua pergunta uma sugestão de resposta – o que no<br />

mínimo direciona a fala do entrevistado para um determinado ponto desejado pelo<br />

entrevistador. E por fim, a ex<strong>em</strong>plo do que já apontamos nos capítulos anteriores, pod<strong>em</strong>os<br />

perceber juízos de valor tanto na fala dos entrevistados – de qu<strong>em</strong> se espera a <strong>em</strong>issão de<br />

opinião, assim como se espera de um articulista – quanto na fala dos entrevistadores, o que<br />

mais uma vez reforça o caráter subjetivo do discurso.<br />

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