Texto completo em PDF - Museu da Vida
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VI – Reportag<strong>em</strong>: muito além do factual<br />
José Marques de MELO (1983, p. 78), define a reportag<strong>em</strong> – classifica<strong>da</strong> por ele como<br />
um dos gêneros do jornalismo informativo – como “o relato ampliado de um acontecimento<br />
que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebi<strong>da</strong>s pela<br />
instituição jornalística”. Nilson LAGE (1982, p. 35), por sua vez, afirma que a reportag<strong>em</strong><br />
distingue-se <strong>da</strong> notícia por não tratar necessariamente de fatos novos, sendo um gênero que dá<br />
mais importância às “relações que reatualizam os fatos, instaurando um <strong>da</strong>do conhecimento<br />
do mundo”. Já tratamos de algumas características do gênero <strong>da</strong> notícia no capítulo que<br />
compara o discurso científico fonte com o discurso jornalístico dele resultante, e voltar<strong>em</strong>os a<br />
abordá-las no capítulo dedicado aos textos de notícia que acompanham a t<strong>em</strong>ática dos artigos,<br />
reportagens, resenhas e entrevistas que compõ<strong>em</strong> o corpus desta pesquisa. O que nos interessa<br />
aqui é a relação estabeleci<strong>da</strong> por LAGE entre os gêneros <strong>da</strong> notícia e <strong>da</strong> reportag<strong>em</strong>. Segundo<br />
ele, este último<br />
compreende desde a simples compl<strong>em</strong>entação de uma notícia – uma expansão que<br />
situa o fato <strong>em</strong> suas relações mais óbvias com outros fatos antecedentes, conseqüentes<br />
ou correlatos – até o ensaio capaz de revelar, a partir <strong>da</strong> prática histórica, conteúdos de<br />
interesse permanente (LAGE, 1982, p. 83)<br />
As reportagens <strong>da</strong> revista ComCiência seleciona<strong>da</strong>s para análise neste capítulo – “Dia<br />
<strong>da</strong> Consciência Negra retrata disputa pela m<strong>em</strong>ória histórica” 18 , <strong>da</strong> bióloga Suzana Dias, e<br />
“Qu<strong>em</strong> defende a clonag<strong>em</strong> humana” 19 , <strong>da</strong> jornalista Mônica Macedo, então editora-chefe <strong>da</strong><br />
revista, na época <strong>em</strong> que foi publica<strong>da</strong> a edição sobre “Clonag<strong>em</strong>” – faz<strong>em</strong> essa expansão<br />
menciona<strong>da</strong> por LAGE, partindo de um fato específico (e não necessariamente atual), de<br />
maneira diferencia<strong>da</strong> uma <strong>da</strong> outra. A primeira (que designarei adiante por “Reportag<strong>em</strong> 1”),<br />
de uma edição dedica<strong>da</strong> a Ciências Humanas, foi publica<strong>da</strong> no mês <strong>em</strong> que se com<strong>em</strong>ora o<br />
Dia <strong>da</strong> Consciência Negra, e parte desse fato (que não é novo) para suas relações com outros<br />
fatos envolvendo história, sociologia e educação. Já para o segundo texto (que designarei<br />
adiante por “Reportag<strong>em</strong> 2”), de uma edição dedica<strong>da</strong> às Ciências Biológicas, o ponto de<br />
parti<strong>da</strong> era um fato novo <strong>da</strong> época – o anúncio, na revista Scientific American, <strong>da</strong> clonag<strong>em</strong><br />
feita por pesquisadores <strong>da</strong> Advanced Cell Technologies –, e esse fato é situado na relação<br />
entre clonag<strong>em</strong> e reprodução assisti<strong>da</strong> e entre clonag<strong>em</strong> e religião.<br />
18 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/reportagens/negros/03.shtml<br />
19 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/reportagens/clonag<strong>em</strong>/clone05.htm<br />
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