Texto completo em PDF - Museu da Vida
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(Reportag<strong>em</strong> 1 - Fragmento 6)<br />
Paula Cristina <strong>da</strong> Silva Barreto, professora <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Filosofia e Ciências<br />
Humanas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia, destaca que, além dos livros didáticos,<br />
outro foco importante são as propostas de mu<strong>da</strong>nça na formação dos professores.“Foi<br />
tímido o trabalho feito pelo MEC nessa direção até o momento”, critica a<br />
pesquisadora. (grifos meus)<br />
No fragmento acima, além de usar novamente o verbo “destacar”, que dá força ao<br />
argumento <strong>da</strong> pesquisadora <strong>da</strong> UFBA, a repórter também utiliza o verbo “criticar”, que<br />
segundo MARCUSCHI (id<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>), é um dos verbos interpretativos do caráter ilocutivo<br />
do discurso ao qual ele se refere. Ao tratar <strong>da</strong> teoria dos atos de fala, KOCH (1995, pp. 19 e<br />
20) explica que o caráter ilocutivo <strong>da</strong> fala é aquele que atribui força de pergunta, de asserção,<br />
de ord<strong>em</strong> – e acrescentaríamos, de desaprovação – através <strong>da</strong> entoação utiliza<strong>da</strong> pelo falante.<br />
De acordo com KOCH (id<strong>em</strong>, p. 23), a força ilocucionária só é percebi<strong>da</strong> pelo conhecimento<br />
de mundo ou traquejo social do interlocutor, o qual deve reconhecer “a força ilocucionária do<br />
ato produzido pelo locutor para que este surta os efeitos desejados e, portanto, se concretize<br />
enquanto ação” (p. 23). No caso do discurso relatado, comum na prática jornalística, não há<br />
como o leitor perceber a entoação utiliza<strong>da</strong> pelo entrevistado que serviu de fonte para o<br />
repórter construir seu texto. Ele t<strong>em</strong> acesso apenas à interpretação que o repórter faz dessa<br />
entoação, através <strong>da</strong> escolha do verbo usado no relato. No caso do fragmento acima, no<br />
entanto, mesmo que se aceite ser uma interpretação <strong>da</strong> repórter, como sugere Marcuschi, o<br />
tom de crítica é explícito e facilmente percebido pelo leitor na própria fala <strong>da</strong> pesquisadora<br />
entrevista<strong>da</strong>. Ou seja, a escolha, nesse caso, não t<strong>em</strong> apenas um caráter interpretativo, mas<br />
sim de reforço a algo já sugerido na fala <strong>da</strong> pesquisadora.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 2 - Fragmento 7)<br />
“Clonar não é copiar. Trata-se simplesmente de uma técnica reprodutiva. Eu nunca<br />
praticaria a clonag<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma mulher solteira ou menopausa<strong>da</strong>, que pudesse<br />
engravi<strong>da</strong>r com outra técnica reprodutiva”, assegura [o ginecologista Severino<br />
Antinori]. (grifo meu)<br />
Antes de analisar o verbo destacado no fragmento acima, cabe observar que na fala de<br />
Severino Antinori seleciona<strong>da</strong> para a reportag<strong>em</strong> sobre clonag<strong>em</strong>, há o que DUCROT (1981,<br />
p. 23) chama de referência implícita a uma situação pressuposta: se o ginecologista<br />
“assegura” que “clonar não é copiar”, é porque pressupõe que há pessoas que pens<strong>em</strong> o<br />
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