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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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X – Conclusão<br />

As análises envolvi<strong>da</strong>s nesta dissertação serviram para corroborar a afirmação de<br />

Lilian ZAMBONI (1997) de que a divulgação científica requer, de fato, um ver<strong>da</strong>deiro<br />

trabalho de formulação de um discurso novo, que parte do discurso científico – e não apenas o<br />

reformula ou recodifica – e se dirige a um outro público, mais amplo que os pares do cientista.<br />

Esse trabalho do divulgador pode ser percebido nas escolhas lexicais e sintáticas que ele faz<br />

na construção de seu texto, entre os recursos disponíveis na língua (cf. POSSENTI, 1988),<br />

escolhas essas que o próprio cientista também faz, quando t<strong>em</strong> <strong>em</strong> vista seus pares como<br />

prováveis “leitores virtuais” de um trabalho científico de sua autoria (cf. CORACINI, 1991).<br />

Apesar dessa característica geral de ser voltado para um público leigo e não<br />

especializado – que não apenas faz parte como é peça fun<strong>da</strong>mental de suas condições de<br />

produção – pretendi ter mostrado nesta dissertação que a divulgação científica, antes de ser<br />

um gênero específico do discurso, como propõe ZAMBONI (1997), é um campo onde<br />

transitam diversos gêneros do discurso com estruturas composicionais próprias<br />

(cf. BAKHTIN, 1997). Minhas análises procuraram mostrar as generali<strong>da</strong>des e as<br />

singulari<strong>da</strong>des (cf. ORLANDI, 1983) de ca<strong>da</strong> um dos cinco gêneros selecionados para<br />

compor o corpus deste trabalho – não entrando nesta dissertação a análise de outros gêneros<br />

que também transitam pelo campo <strong>da</strong> divulgação científica, como o epistolar, o documentário<br />

e a ficção literária ou cin<strong>em</strong>atográfica.<br />

O trabalho do divulgador, perceptível nas escolhas que ele faz, está ligado a uma <strong>da</strong>s<br />

características gerais não apenas dos discursos de divulgação científica, mas de todo e<br />

qualquer discurso: o seu caráter subjetivo. Nas análises feitas aqui, mostramos que a<br />

subjetivi<strong>da</strong>de aparece <strong>em</strong> diferentes graus <strong>em</strong> todos os gêneros que compõe o corpus e não<br />

apenas nos que pressupõ<strong>em</strong> autoria defini<strong>da</strong> e explicita<strong>da</strong>, como o artigo e a resenha. Nesses<br />

gêneros, o artigo de Bernardo Beiguelman e a resenha de Glacy de Roure, publicados na<br />

edição sobre “Clonag<strong>em</strong>” <strong>da</strong> revista ComCiência, apresentam explicitamente o<br />

posicionamento dos autores através do uso <strong>da</strong> 1ª pessoa do singular: o primeiro, <strong>em</strong> defesa <strong>da</strong><br />

clonag<strong>em</strong>, já anuncia<strong>da</strong> no título; e a segun<strong>da</strong>, vendo a ficção atual marca<strong>da</strong> por um discurso<br />

que sustenta “a ilusão do hom<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porâneo <strong>em</strong> arvorar-se Deus”. Porém, apontamos que<br />

mesmo com o suposto distanciamento, com o uso <strong>da</strong> 3ª pessoa, é possível encontrar marcas de<br />

subjetivi<strong>da</strong>de na construção dos textos de qualquer gênero do discurso. Como ex<strong>em</strong>plo,<br />

pod<strong>em</strong>os citar os juízos de valor <strong>da</strong> jornalista Mônica Macedo ao se reportar a <strong>da</strong>dos do site<br />

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