Texto completo em PDF - Museu da Vida
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VII – Resenha: uma metalinguag<strong>em</strong> discursiva<br />
O Novo Manual <strong>da</strong> Re<strong>da</strong>ção, do jornal FOLHA DE S. PAULO (1992, p. 107) define a<br />
resenha como um gênero jornalístico que consiste <strong>em</strong> resumo crítico de uma obra. Para José<br />
Marques de MELO (1983, p. 148), esse gênero é “destinado a orientar o público na escolha<br />
dos produtos culturais <strong>em</strong> circulação no mercado”. Além de ser um texto informativo, que dá<br />
ao leitor “uma idéia do conteúdo <strong>da</strong> obra e de qu<strong>em</strong> é seu autor”, a resenha “também exige<br />
que se <strong>em</strong>ita opinião” (FOLHA DE S. PAULO, id<strong>em</strong>, ibid<strong>em</strong>) acerca <strong>da</strong> obra que está sendo<br />
resenha<strong>da</strong>. MELO (id<strong>em</strong>, p. 78) observa uma proximi<strong>da</strong>de entre os gêneros resenha e artigo,<br />
que pressupõ<strong>em</strong> autoria defini<strong>da</strong> e explicita<strong>da</strong>, além de “ser<strong>em</strong> gêneros cuja angulag<strong>em</strong> é<br />
determina<strong>da</strong> pelo critério de competência dos autores na busca dos valores inerentes aos fatos<br />
que analisam”.<br />
Nas resenhas publica<strong>da</strong>s na revista ComCiência que selecionamos para análise neste<br />
capítulo, a competência dos autores decorrente de sua formação discursiva e ideológica é<br />
determinante na definição <strong>da</strong> angulag<strong>em</strong> de seus textos. A resenha sobre o livro Na senzala,<br />
uma flor: esperanças e recor<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> família escrava – Brasil, Sudeste, século XIX 20 , do<br />
historiador Robert Slennes, (que designarei adiante por “Resenha 1”), foi escrita pelo também<br />
historiador Daniel Ferraz Chiozzini, que se voltou para a área de Educação <strong>em</strong> seu mestrado e<br />
<strong>em</strong> seu doutorado. Essa formação acadêmica foi determinante na construção de seu texto, que<br />
antes de entrar na apresentação e análise propriamente dita do livro de Slennes, t<strong>em</strong> dois<br />
parágrafos introdutórios situando o leitor <strong>em</strong> “uma tendência relativamente recente no campo<br />
historiográfico”, e contrapondo-a à história do Brasil “profun<strong>da</strong>mente marca<strong>da</strong> por algumas<br />
generalizações her<strong>da</strong><strong>da</strong>s dos bancos escolares”. Já a resenha sobre o filme Inteligência<br />
Artificial 21 , de Steven Spielberg e Stanley Kubrick, (que designarei adiante por “Resenha 2”),<br />
apesar de ter sido publica<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma edição dedica<strong>da</strong> às Ciências Biológicas – sobre<br />
“Clonag<strong>em</strong>” –, é uma reflexão com viés psicanalítico acerca <strong>da</strong> reprodução artificial e do<br />
discurso social a ela associado. Esse texto é assinado pela então doutoran<strong>da</strong> <strong>em</strong> Lingüística,<br />
Glacy Queirós de Roure, que t<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua formação discursiva uma forte influência de autores<br />
<strong>da</strong> Psicanálise, como Jacques Lacan.<br />
Vimos no capítulo dedicado ao gênero artigo que há um certo grau de subjetivi<strong>da</strong>de<br />
<strong>em</strong> todo e qualquer discurso, e acima, diss<strong>em</strong>os que nos textos que pressupõ<strong>em</strong> autoria<br />
defini<strong>da</strong> e explicita<strong>da</strong>, como o artigo e a resenha, é espera<strong>da</strong> a <strong>em</strong>issão de opinião do autor<br />
20 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/resenhas/negros/senzala.shtml<br />
21 Disponível na Internet <strong>em</strong> http://www.comciencia.br/resenhas/clonag<strong>em</strong>/ia.htm<br />
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