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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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sintáticas são o foco <strong>da</strong> análise que faço, nesta pesquisa, sobre textos de cinco gêneros do<br />

discurso publicados na revista ComCiência.<br />

A comunicação, assim como to<strong>da</strong> ciência social, está constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> busca <strong>da</strong><br />

cientifici<strong>da</strong>de para se firmar entre os outros saberes acadêmicos, e conforme d<strong>em</strong>onstro no<br />

trabalho que apresentei no VII Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de<br />

Comunicação (CUNHA, 2003a), algumas pesquisas do Grupo Comunicacional de São<br />

Bernardo, na Universi<strong>da</strong>de Metodista de São Paulo, têm buscado essa cientifici<strong>da</strong>de<br />

enfocando a questão <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong> suas análises, particularmente as que adotam como<br />

procedimento teórico-metodológico os pressupostos <strong>da</strong> linha francesa <strong>da</strong> Análise do Discurso.<br />

De acordo com Eni ORLANDI (1983, p. 107), do ponto de vista <strong>da</strong> Análise do Discurso, “o<br />

que importa é destacar o modo de funcionamento <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> esquecer que esse<br />

funcionamento não é integralmente lingüístico, uma vez que dele faz<strong>em</strong> parte as condições de<br />

produção que representam o mecanismo de situar os protagonistas e o objeto do discurso”.<br />

A presente pesquisa irá se apoiar <strong>em</strong> pressupostos teóricos de autores cont<strong>em</strong>porâneos<br />

que se filiam à linha francesa <strong>da</strong> Análise do Discurso (AD). Quando surgiu na déca<strong>da</strong> de 60, a<br />

AD focou <strong>em</strong> seus estudos o discurso político, investigando os aspectos ideológicos ligados à<br />

formação discursiva de qu<strong>em</strong> o produziu. Dominique MAINGUENEAU (1987, p. 57) afirma<br />

que o discurso científico possui uma natureza muito particular <strong>em</strong> relação aos discursos que a<br />

AD tradicionalmente adotou como seus objetos de estudo. Segundo ele,<br />

trata-se de uma produção cujos laços com a topografia de conjunto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de são<br />

b<strong>em</strong> menos diretamente formuláveis do que aqueles para os quais uma reflexão <strong>em</strong><br />

termos ideológicos se impõe imediatamente; além disso, a tendência desse tipo de<br />

discurso é fazer coincidir o público de seus produtores com o de seus consumidores:<br />

escreve-se apenas para seus pares que pertenc<strong>em</strong> a comuni<strong>da</strong>des restritas e de<br />

funcionamento rigoroso.<br />

Para esse autor (id<strong>em</strong>, p. 45), a AD afasta “qualquer preocupação ‘psicologizante’ e<br />

‘voluntarista’, de acordo com a qual o enunciador ... des<strong>em</strong>penharia o papel de sua escolha <strong>em</strong><br />

função dos efeitos que pretende produzir sobre seu auditório”. Segundo Maingueneau, esses<br />

efeitos, na reali<strong>da</strong>de, são impostos não pelo sujeito que enuncia o discurso, e sim por sua<br />

formação discursiva.<br />

Ao esboçar uma epist<strong>em</strong>ologia <strong>da</strong> AD, que com o passar dos anos deixou de eleger o<br />

discurso político como único objeto de investigação, Sírio POSSENTI (1988, pp. 25-28) diz<br />

que a noção de ideologia não deve ser usa<strong>da</strong> para a análise de todo e qualquer discurso, mas<br />

apenas nos casos <strong>em</strong> que ela seja um conceito produtivo para a investigação. Possenti também<br />

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