Texto completo em PDF - Museu da Vida
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escolhas lingüísticas, ideológicas e editoriais”. Os fragmentos abaixo apresentam escolhas de<br />
expressões que revelam o posicionamento ideológico <strong>da</strong>s repórteres e do veículo <strong>em</strong> relação<br />
ao objeto de suas reportagens.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 1 - Fragmento 9)<br />
O 20 de nov<strong>em</strong>bro trata <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta do assassinato de Zumbi, <strong>em</strong> 1665, o mais importante<br />
líder dos quilombos de Palmares ... Embora tenham existido tentativas de tratados de<br />
paz, os acordos fracassaram e prevaleceu o furor destruidor do poder colonial contra<br />
Palmares. (grifo meu)<br />
No fragmento acima, as escolhas <strong>da</strong>s palavras mostram explicitamente que a repórter<br />
condena “o poder colonial” que assassinou o líder negro Zumbi dos Palmares. A expressão<br />
grifa<strong>da</strong>, escrita pela repórter Susana Dias, foi manti<strong>da</strong> pelos editores, ou seja, condiz com o<br />
posicionamento ideológico do veículo. E de fato, não foi por acaso que a revista ComCiência<br />
dedicou uma edição inteira sobre “O Brasil Negro”, com nove reportagens, nove artigos e um<br />
editorial intitulado “Ações afirmativas e políticas de afirmação do negro no Brasil”,<br />
justamente no mês <strong>em</strong> que se com<strong>em</strong>ora o Dia <strong>da</strong> Consciência Negra, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a<br />
Zumbi dos Palmares. O fragmento abaixo mostra um posicionamento mais explícito <strong>da</strong><br />
repórter Susana Dias sobre experiências alternativas na área de educação <strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>des<br />
negras.<br />
(Reportag<strong>em</strong> 1 - Fragmento 10)<br />
O mais interessante é que esses projetos [a Escola Criativa do Olodum e o projeto de<br />
extensão pe<strong>da</strong>gógica do Ilê Aiyê] se transformaram <strong>em</strong> referência para as políticas<br />
adota<strong>da</strong>s por órgãos oficiais como o Ministério <strong>da</strong> Educação (MEC) e as Secretarias<br />
de Educação. (grifo meu)<br />
Se a expressão grifa<strong>da</strong> no fragmento acima estivesse na fala <strong>da</strong> fonte entrevista<strong>da</strong> por<br />
Susana Dias, a reportag<strong>em</strong> estaria apenas reproduzindo a opinião <strong>da</strong> pesquisadora <strong>da</strong> UFBA,<br />
que entre outras coisas, diz que “essas experiências [menciona<strong>da</strong>s no fragmento 10] têm sido<br />
importantes por fomentar<strong>em</strong> o debate e gerar<strong>em</strong> d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s por mais quali<strong>da</strong>de do ensino<br />
público”. No entanto, ain<strong>da</strong> que a informação sobre os projetos do Olodum e do Ilê Aiyê se<br />
transformar<strong>em</strong> <strong>em</strong> referência para o MEC tenha partido dessa mesma fonte, a expressão<br />
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