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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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e imprevisível o fi m da vida, descobri bem aquilo que ainda não sabia. É<br />

sempre preciso ter – e ter junto de nós – alguém disposto a ajudar-<strong>no</strong>s.<br />

Caramba – a que ponto me deixei iludir, ao observar a maneira que cada um<br />

tem de viver e de defender os seus interesses! –, nunca pensei que houvesse<br />

alguém capaz de se interessar pelo próximo. (Men. Dis. 713-721).<br />

E Euclião, além de reconhecer a bondade de Licônides, também o presenteia<br />

com a panelinha cheia de moedas de ouro, como vemos: ‘E, primeiro, a ti, Licônides,<br />

origem e autor de tanto bem, eu te ofereço esta panela de ouro; aceita-a de coração<br />

aberto; eu quero que seja tua, assim como a minha fi lha.’ (Pl. Aul. 895-897)<br />

Por isso, podemos dizer que apesar de um apresentar-se predominantemente<br />

misantropo e o outro avarento, Euclião apresenta modos de comportamento<br />

bastante parecidos com os de Cnémon, mostrando a infl uência de Menandro na<br />

composição da personagem plautina.<br />

Agora verifi quemos o papel da fi lhas, nas duas comédias, elas quase não<br />

aparecem em cena e falam muito pouco, embora sejam muito importantes para o<br />

desenvolvimento da trama. Na peça grega, a fi lha de Cnémon é conhecida como<br />

tal, não tendo um <strong>no</strong>me próprio, ao contrário do que acontece na peça romana,<br />

que a fi lha de Euclião chama-se Fédria. Por causa das fi lhas, em ambas as peças,<br />

desenvolve-se a intriga do casamento. Em Díscolo, a fi lha de Cnémon é vista por<br />

Sóstrato, que logo apaixona-se por ela; já na Aulularia, Fédria está grávida, mas<br />

não sabe de quem, pois a fecundação aconteceu numa festa de Ceres. Mas nas<br />

duas comédias, as fi lhas acabam se casando com a aceitação de seus respectivos<br />

pais.<br />

Quanto às escravas, a grega chama-se Simica e a romana, Estáfi la. Simica é<br />

a ama da fi lha de Cnémon, aparece em poucos momentos da trama: quando deixa<br />

cair o balde <strong>no</strong> poço; quando Cnémon cai <strong>no</strong> poço, ela pede ajuda; e quando a fi lha<br />

de Cnémon vai se casar. Estáfi la já participa um pouco mais da intriga: ela apanha<br />

de Euclião, ela guarda a casa de Euclião na ausência dele e como ama preocupa-se<br />

com Fédria, porque ela já está para ter o bebê.<br />

Na sequência, tratemos dos pretendentes: o Sóstrato, em Díscolo e Licônides<br />

e Megadoro na Aulularia. Sóstrato é de uma família abastarda e apaixo<strong>no</strong>u-se<br />

à primeira vista pela fi lha de Cnêmon. Ele está tão apaixonado que aceita casar<br />

com a moça sem ter o dote, como ele afi rma para Górgias: ‘Eu, um homem livre,<br />

com uma vida desafogada, estou pronto a aceitá-la sem dote, com a promessa de<br />

a amar toda a minha vida.’ (Men. Dis. 307-309). O rapaz atribui à moça um diferencial,<br />

pois a mesma foi criada apenas pelo pai, portanto não sofreu infl uências<br />

“maléfi cas” de outras mulheres, como conta: ‘Se essa rapariga não foi criada entre<br />

mulheres, nem conhece o lado mau da vida, nem teve nenhuma tia ou avó que a<br />

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