15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As mulheres riem dos homens em Lisístrata<br />

207<br />

Milena Nobre 315<br />

Ana Maria César Pompeu 316<br />

A comédia tem sua origem <strong>no</strong>s cantos fálicos e <strong>no</strong> culto a Dioniso, permeados<br />

por rituais de fertilidade. Isso justifi ca o uso de elementos sexuais utilizados<br />

nas comédias, pois faz parte da própria elaboração do gênero. As referências ao<br />

ato sexual, o obsce<strong>no</strong> e os símbolos relacionados ao ato sexual são comuns nas<br />

obras de Aristófanes, e em Lisístrata adquirem maior força pelo enredo da peça.<br />

A comédia em questão tem como enredo uma greve de sexo promovida por uma<br />

aliança entre as mulheres gregas para obrigar seus maridos a acabarem com a<br />

Guerra do Peloponeso. Vale salientar que a referida peça ora analisada data de 411<br />

a.C. e é produzida, encenada e aplaudida por uma plateia masculina. Como um<br />

exercício de crítica política e social, Aristófanes <strong>no</strong>s apresenta uma peça fantasiosa,<br />

é verdade, porém com a sublime missão de propor a tão sonhada paz. Para tanto<br />

ele dá voz na pólis ateniense a uma mulher, ou melhor, ele permite que falem as<br />

mulheres da Grécia inteira.<br />

As mulheres, cansadas de sofrer pela perda de seus maridos durante a já<br />

mencionada guerra, que já dura vinte a<strong>no</strong>s, resolvem acabar defi nitivamente com<br />

a situação deprimente em que se encontra a cidade, pois com os homens em guerra<br />

há tanto tempo não é mais possível pensar o futuro para a Grécia. A ateniense Lisístrata,<br />

protagonista da peça e que tem o <strong>no</strong>me que signifi ca “libera tropa”, propõe<br />

então realizar uma greve de sexo, mesmo que para isso as mulheres tivessem que<br />

lutar contra seus próprios desejos sexuais.<br />

Num esforço singular de reunir as mulheres de várias cidades-estados, como<br />

de Atenas, Esparta, Corinto e até da Beócia, para terem <strong>no</strong>vamente a vida doméstica<br />

anterior à guerra, ou seja, para terem os maridos de volta e a cidade, enfi m,<br />

poder ter seu crescimento e desenvolvimento assegurados, a peça apresenta uma<br />

discussão acalorada sobre os problemas não só referentes à guerra como também<br />

sobre outras difi culdades, às quais Aristófanes tinha profundas censuras e que podemos<br />

observar nesse trecho da peça 317 em que o Conselheiro diz: ‘Vós a nós?<br />

Falas coisas absurdas e eu não posso suportar’, ao passo que Lisístrata responde:<br />

‘Cala-te’, questionando a validade de seus discursos.<br />

315 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFC.<br />

316 Professora Doutora da UFC - Orientadora<br />

317 ARISTÓFANES. Lisístrata. Tradução de Ana Maria C. Pompeu. São Paulo: Hedra,<br />

2010. versos 527-28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!