15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ciando seu discurso polêmico e verdadeiro quanto à dura realidade das questões<br />

sociais e políticas questionadas em sua obra. As personagens femininas assumiam<br />

o discurso dos cidadãos, pois a Acrópole e o poder agora lhes pertencia.<br />

Em Lisístrata, Aristófanes denuncia a crise nas estruturas da Cidade-Estado<br />

e faz um apelo à pacifi cação, embora a voz do texto não seja a sua própria. Lisístrata<br />

é o seu discurso personifi cado, porque ela estava determinada a comprovar a<br />

competência das mulheres para solucionar um problema que também as afetava.<br />

A peça afi rma o valor do discurso pacifi sta, mesmo que para isso utilize a máscara<br />

feminina, pois para o poeta as mulheres possuíam a disposição necessária para<br />

oferecer à Polis, além da reposição dos cidadãos, na qualidade de mães, outras<br />

contribuições que os homens já não seriam capazes de oferecer. Constatamos nesse<br />

trecho 336 :<br />

CONSELHEIRO<br />

Das lãs, dos fi os e dos fusos negócios terríveis presumis cessar? Que<br />

tolas!<br />

LISÍSTRATA<br />

E se houvesse algum bom senso em vós,<br />

das <strong>no</strong>ssas lãs administraríeis todas as coisas.<br />

CONSELHEIRO<br />

Como então? Vejamos.<br />

LISÍSTRATA<br />

Primeiro seria preciso, como com a lã bruta,<br />

em um banho lavar a gordura da cidade, sobre um leito<br />

expulsar sob golpes de varas os pelos ruins e abandonar os duros,<br />

e estes que se amontoam e formam tufos<br />

sobre os cargos cardá-los um a um e arrancar-lhes as cabeças;<br />

em seguida cardar em um cesto a boa vontade comum, todos<br />

misturando; os metecos, algum estrangeiro que seja vosso amigo<br />

e alguém que tenha dívida com o tesouro, misturá-los também,<br />

e, por Zeus, as cidades, quantas desta terra são colônias,<br />

distinguir que elas são para nós como <strong>no</strong>velos caídos ao chão<br />

cada um por si; em seguida o fi o de todos estes tendo tomado,<br />

trazê-los aqui e reuni-los em um todo, e depois de formar<br />

um <strong>no</strong>velo grande, dele então confeccionar uma manta para o povo.<br />

olhando para eles” (DUARTE, 2000, p.32).<br />

336 ARISTÓFANES, versos 680-88<br />

214

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!