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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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os autores da comédia antiga, mas Aristófanes, Êupolis e Crati<strong>no</strong> são superiores].<br />

Os concorrentes de Aristófanes eram criticados quanto ao modo como colocavam<br />

suas comédias em cena. Em Paz (vv. 739-40; 748-750), o corifeu, na<br />

parábase, referindo-se ao poeta, afi rma que:<br />

primeiramente, [<strong>no</strong>sso poeta] foi o único dentre os homens que fez<br />

com que os concorrentes parassem de ridicularizar sempre com trapos e de<br />

combater contra os piolhos;<br />

[...]<br />

tendo afastado estas coisas - chacota grosseira, coisas más e bufonarias<br />

vulgares - tor<strong>no</strong>u a arte grande para nós e a exaltou, depois de<br />

construí-la com grandes palavras e pensamentos, e com sarcasmos que não<br />

pertencem aos mercados.<br />

[...] (tradução é <strong>no</strong>ssa)<br />

A crítica feita acima refere-se ao emprego de determinados elementos característicos<br />

da comédia, dando-se relevância à composição poética em seu sentido<br />

dramático para atrair o público em detrimento da representação de cenas vulgares<br />

que têm como objetivo simplesmente o fazer rir, algo que deveria ser feito, segundo<br />

a proposição do corifeu, basicamente por meio do conteúdo dos versos.<br />

Encontramos esse tipo de observação também em Nuvens, quando o corifeu,<br />

na parábase, apresenta-<strong>no</strong>s a ideia de que em uma comédia o que deve ser valorizado<br />

são os versos, não havendo, com isso, a necessidade de colocar o kórdax 16 em<br />

cena, nem de levar ao palco um homem careca para ser zombado, tampouco velhos<br />

que fi cam surrando seus companheiros (vv. 540-542). Assim, o corifeu remete-se<br />

claramente à preocupação prioritária com a composição do enredo quando ele diz,<br />

em <strong>no</strong>me do poeta: “componho introduzindo sempre <strong>no</strong>vas idéias// que não são<br />

iguais umas às outras, sendo todas elaboradas engenhosamente” (vv. 547-548).<br />

Entretanto, apesar de todo o elogio ao poeta cômico como sendo aquele que<br />

retirou de cena a vulgaridade tão comum à comédia, podemos perceber nas peças<br />

aristofânicas que há elementos cênicos empregados com o objetivo único de fazer<br />

rir, não tendo grande importância para o desenvolvimento da trama. Quando, por<br />

exemplo, um escravo apanhava em cena ou uma outra personagem atuava como<br />

um bufão, buscava-se com isso obter o riso de grande parte de sua plateia, como<br />

afi rma Silva (2007, p. 184) 17 :<br />

16 Uma espécie de dança.<br />

17 SILVA, Maria de Fátima Sousa e. Ensaios sobre Aristófanes. Lisboa: Cotovia,<br />

2007.<br />

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