15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nários que descreve, seja devido ao peso de sua autoridade como o primeiro historiador<br />

a tratar de Roma, posto a que possivelmente Políbio almejasse 126 , o ataque<br />

frontal e sem tréguas de que é alvo acumula expressões fortemente pejorativas<br />

e almeja o riso como efeito ao propor a comparação com Margites, o Demente,<br />

aquele que “nada tinha de sábio, pois falhava em toda arte / sabia muitos trabalhos,<br />

mas todos pessimamente” 127 .<br />

Ao tratar do que considera apreço excessivo de Timeu pelo paradoxo, Políbio<br />

compara seus argumentos com outros similares desenvolvidos pela Nova<br />

Academia, servindo-se da comparação para descarregar sobre ambos o sarcasmo<br />

fruto do descrédito.<br />

“Devido ao abuso de paradoxos, ele expõe os homens e as ações<br />

que deseja destacar não à comparação, mas à derrisão (καταμώκησιν), algo<br />

semelhante ao que ocorre aos adeptos da Academia treinados <strong>no</strong>s tratados<br />

sobre os argumentos mais imediatos. Alguns deles, desejando embaraçar<br />

seus interlocutores a respeito de coisas que parecem manifestamente compreensíveis<br />

ou incompreensíveis, empregam tais paradoxos e aduzem tais<br />

probabilidades a ponto de surgir a questão sobre se é possível que os atenienses<br />

sintam o cheiro de ovos cozidos em Éfeso, bem como a dúvida sobre<br />

se de algum modo, durante o tempo que passam na Academia a conversar<br />

sobre isso, entabulam essa conversa não despertos, mas a sonhar deitados<br />

em suas casas. Assim, devido a esse excesso de paradoxos, atraem calúnias<br />

sobre a seita toda, de modo que mesmo as dúvidas razoáveis suscitam<br />

descrença entre as pessoas” (Plb. 12.26c.1-4) 128 .<br />

A última vítima do sarcasmo polibia<strong>no</strong> é Aulo Postúmio Albi<strong>no</strong>. Pretor urba<strong>no</strong><br />

em 155 a.C., vetou o retor<strong>no</strong> dos reféns aqueus para a Grécia, o que lhe valeu o<br />

ódio de Políbio, um dos detentos 129 . Pela fúria ímpar com que é atacado, é possível<br />

que fosse também um desafeto político de Cipião Emilia<strong>no</strong> 130 .<br />

126 Pédech, 1961, xxvii-xxxv; F. W. Walbank, Polybius, Berkeley, Los Angeles, London,<br />

University of California Press 1972, p. 54.<br />

127 Marg. frs. 2-3W: οὔτ’ ἄλλως τι σοφόν· πάσης δ’ ἡμάρτανε τέχνης.<br />

πόλλ’ ἠπίστατο ἔργα, κακῶς δ’ ἠπίστατο πάντα.<br />

128 Cf. Pédech, 1961, 141-3.<br />

129 F. W. Walbank, A historical commentary on Polybius III, Oxford, University Press,<br />

1979, p. 726; Polibio, Storie – Libri XXXIV-XL. Mila<strong>no</strong>: BUR, <strong>no</strong>ta biografi ca di D. Musti,<br />

traduzione di A. L. Santarelli e M. Mari, <strong>no</strong>te di J. Thornton, 2006, p. 341-3.<br />

130 Inferência de A. E. Astin, Scipio Aemilianus, Oxford, University Press, 1967, p. 91 a<br />

partir da selvageria do ataque de Políbio, preceptor e amigo íntimo de Cipião.<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!