15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

será discutida mais adiante.<br />

Finalmente, após estas considerações feitas podemos adentrar na questão<br />

que orienta este trabalho: a análise das fi guras de Apolo e Héracles <strong>no</strong> âmbito<br />

da peça, fi guras estas, que inicialmente parecem se opor, mas que na verdade se<br />

unem para formar uma unidade na peça e permitem algumas interpretações tanto<br />

<strong>no</strong> âmbito do gênero, quanto <strong>no</strong> âmbito cênico, ou teatral.<br />

3. As fi guras de Apolo e Héracles<br />

3.1 Apolo<br />

Como já mencionamos antes, o prólogo das peças de Eurípides geralmente é<br />

feito por um deus, e <strong>no</strong> caso de Alceste, o prólogo é feito por Apolo, que <strong>no</strong>s põe<br />

a par de toda a situação a ser desenvolvida na peça. Já nas primeiras frases do monólogo<br />

do deus somos situados espacialmente, e temos a justifi cativa do motivo de<br />

ele estar <strong>no</strong> palácio de Admeto:<br />

APOLO - Ó palácio de Admeto, onde me vi coagido a trabalhar como<br />

servo humilde, sendo embora um deus, como sou! Júpiter assim o quis,<br />

porque tendo fulminado pelo raio meu fi lho Esculápio, eu, justamente irritado,<br />

matei os Ciclopes, artífi ces do fogo celeste. E meu pai, para me punir,<br />

impôs-me a obrigação de servir a um homem, a um simples mortal! Eis por<br />

que vim ter a este país (...). (EURÍPIDES, Alceste, s/d: 75)<br />

Em seguida, o deus narra o fato de ter enganado as Moiras fazendo com que<br />

elas prometessem livrar Admeto da morte se ele conseguisse um substituto para<br />

morrer por ele. Também para este procedimento de Apolo, <strong>no</strong>s é apresentada uma<br />

justifi cativa: Apolo considera Admeto um homem virtuoso (hósios), que não merecia<br />

o funesto decreto das Moiras, e por isso, o deus decide enganá-las em favor<br />

do patrão mortal. Porém, Apolo <strong>no</strong>s diz que Admeto não conseguiu ninguém para<br />

morrer por ele, mas que sua esposa, Alceste, se oferecera para tal fi m. A partir daí,<br />

Apolo revela o confl ito principal da peça: Alceste morrerá em um dia que não<br />

deveria ser o dia de sua morte, e Admeto passará pela agonia de perder a esposa<br />

pela própria causa.<br />

Nesse ponto, chegamos a uma questão interessante: o dia marcado para a<br />

morte de Alceste como substituta de Admeto. Apolo enfatiza de maneira especial<br />

essa questão ao dizer que “ninguém, senão Alceste, [a] dedicada esposa [de<br />

Admeto] 526 e agora, <strong>no</strong> palácio, conduzida a seus aposentos <strong>no</strong>s braços de seu<br />

526 Interpolações <strong>no</strong>ssas.<br />

341

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!