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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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Nossa pátria não é uma terra desconhecida<br />

Esparta, e <strong>no</strong>sso pai é Tíndaro.<br />

(Helena, vv. 16-17 300 , grifo <strong>no</strong>sso)<br />

No discurso do Parente de Eurípides, por sua vez, encontramos as seguintes<br />

palavras:<br />

Μνησίλοχος<br />

ἐμοὶ δὲ γῆ μὲν πατρὶς οὐκ ἀνώνυμος<br />

Σπάρτη, πατὴρ δὲ Τυνδάρεως.<br />

(Θεσμοφοριάζουσαι v. 859-60, grifo <strong>no</strong>sso)<br />

Parente de Eurípedes<br />

Minha pátria não é uma terra desconhecida<br />

Esparta, e meu pai é Tíndaro.<br />

(Tesmoforiantes, v. 859-60 301 , grifo <strong>no</strong>sso)<br />

Como se percebe, a única diferença entre os dois textos é o pro<strong>no</strong>me que inicia<br />

o primeiro dos dois versos: h`mi/n “<strong>no</strong>sso”, <strong>no</strong> texto original, e evmoi “meu”,<br />

na paródia. Essa pequena alteração tem uma importância na evocação do sentido<br />

proposto por Aristófanes. Em Helena, a 3ª heroína, de fato, fala em <strong>no</strong>me da coletividade.<br />

Isso, contudo, não acontece com o Parente de Eurípides. Ele, como<br />

um grande impostor, fala somente por si, e não em <strong>no</strong>me do grupo de mulheres<br />

presentes <strong>no</strong> Tesmofórion. Essa também era uma pista signifi cativa para que os<br />

espectadores e leitores contemporâneos de Aristófanes percebessem o caráter embusteiro<br />

do Parente de Eurípides<br />

Poderíamos citar vários outros versos do discurso de Helena parodiados por<br />

Aristófanes. Contudo, esses dois bastam para que se perceba que a paródia é igualmente<br />

um importante recurso evocativo de sentido <strong>no</strong> texto aristofânico.<br />

O devido conhecimento dos elementos transtextuais, conforme defi nição de<br />

Gérard Genette, é uma ferramenta bastante útil à transposição dos obstáculos de<br />

interpretação que <strong>no</strong>s distanciam das obras clássicas de modo geral, especialmente<br />

em relação às comédias de Aristófanes.<br />

Os quatro exemplos aqui enumerados – citação, alusão, paratextualidade e<br />

paródia – servem como comprovação de que a transtextualidade é uma ferramenta<br />

útil e necessária para uma interpretação coerente dos textos aristofânicos. Sem<br />

o devido conhecimento desses recursos transtextuais, o leitor atual apresentará<br />

muitas difi culdades para resgatar as ideias e sentidos propostos pelo <strong>no</strong>sso poeta<br />

300 Tradução <strong>no</strong>ssa.<br />

301 Tradução <strong>no</strong>ssa.<br />

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