15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

não lhe pertencia?<br />

[...]<br />

DODÓ - A culpa foi das circunstâncias e eu não já vim pedir desculpas?<br />

EURICÃO - Não gosto desses crimi<strong>no</strong>sos que prejudicam os outros<br />

e depois vêm pedir desculpas. Você sabia que ela não era sua, não devia ter<br />

tocado nela!<br />

DODÓ - Mas eu não já disse que o que aconteceu foi coisa tola?<br />

EURICÃO - Coisa tola o quê? Você não veio confessar? E depois,<br />

de repente, começa a se desdizer, dizendo que não tocou nela! [...] (SUAS-<br />

SUNA, 2010, p. 137-138).<br />

Os quiproquós apresentados acima mostram muitas semelhanças entre si,<br />

assim como outras passagens das duas obras estudadas. Há excertos em ambas<br />

que são praticamente os mesmos, diferenciando-se entre si apenas por detalhes.<br />

Segundo Magaldi 228 , em ambas as obras, há também, apesar de sutil, uma<br />

defesa da melhor condição da vida humana, como podemos ver na fala de Pinhão,<br />

ao ser surpreendido pelo roubo da porca:<br />

PINHÃO - Um momento, me solte! Vá pra lá! Eu confesso que furtei<br />

essa porca, mas o senhor não ganha nada mandando me entregar à polícia.<br />

Eu morro e não digo onde ela está! Todo mundo fala em furto, em roubo, e<br />

só se lembra da porca! Está bem, eu furtei a porca! Sou católico, li o catecismo<br />

e sei que isso não se faz! Mas onde está o salário de todos estes a<strong>no</strong>s<br />

em que trabalhamos, eu, meu pai, meu avô, todos na terra de sua família,<br />

Seu Eudoro? Onde está o salário da família de Caroba, na mesma terra, Seu<br />

Eudoro? Não resta nada! Onde está o salário de Caroba durante o tempo em<br />

que ela trabalhou aqui, Seu Euricão? Seu Euricão Engole-Cobra? (SUAS-<br />

SUNA, 2010, p.147-148)<br />

O método utilizado por Plauto para mostrar a condição dos escravos é<br />

um tanto mais sutil. No entanto, durante todo o texto, há mostras de ameaças e<br />

agressões feitas a eles por Euclião. Como podemos ver em um diálogo de Estáfi<br />

la com ele, logo <strong>no</strong> início da obra: ‘Mas, por que bates em mim, uma pobre<br />

infeliz?’ (Pl. Aul. I. 1. 43).<br />

Enfi m, entendemos que há muitas semelhanças entre as obras, mesmo<br />

porque, O Santo e a Porca é uma adaptação da obra plautina, Aulularia. No<br />

entanto, as duas obras possuem suas particularidades que as defi nem como<br />

228 Magaldi, p. 244.<br />

151

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!