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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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sentido de mímesis ou mimese como fundamento inato, criativo, exaltado em toda<br />

a obra como fonte de aprendizagem, modelagem mimética do desejo, por meio do<br />

estímulo ao prazer, e educação da sensibilidade, como formação aos cidadãos em<br />

aspectos éticos e políticos, por que Aristóteles não reconhece <strong>no</strong> riso cômico, que<br />

proporciona o prazer, uma fonte de felicidade, considerando o destaque conferido<br />

a este conceito <strong>no</strong> pensamento de Aristóteles? Não obstante a toda esta relevância,<br />

por que a comédia como gênero literário popular, poderia desencadear uma força<br />

desconhecida e perigosa?<br />

Sob um olhar sensível e minucioso suscitamos uma perspectiva que sustenta<br />

e constitui uma função na formação do caráter particular, bem como <strong>no</strong> caráter<br />

universal, isto é, <strong>no</strong> êthos da pólis. Para tanto a estrutura do texto recorre a mimese<br />

não somente <strong>no</strong> aspecto estético, mas também o ético-político. Concluindo<br />

tecemos um enlace indagando e relacionando de que forma as considerações realizadas<br />

são relevantes na formação do caráter, tanto <strong>no</strong> âmbito particular como <strong>no</strong><br />

contexto cultural da Antiguidade.<br />

2. Mímesis: um conceito estético e ético político?<br />

Segundo Aristóteles, o ato de imitar é inato ao homem, juntamente com a<br />

harmonia e o ritmo. Considera a mímesis ativa e criativa, ocorrendo mesmo de<br />

forma inconsciente. Para alguns comentadores não há sentido moral <strong>no</strong> conceito<br />

de mímese, porém a inquietação por parte de outros pesquisadores <strong>no</strong>s conduz a<br />

uma relação entre poiesis e a práxis. A defi nição de tragédia como mímese de uma<br />

ação, direciona a compreensão estética à perspectiva moral. Essa fundamentação<br />

tem como base a ponderação de que a poesia é mais fi losófi ca que a história, a<br />

qual Aristóteles expõe na Poética. Conferimos então que alguns pontos do corpus<br />

aristotélico, aparentemente desconexos podem ser agregados em pertinência na<br />

análise da tragédia. A Poética como texto elíptico e lacunar, não <strong>no</strong>s permite um<br />

consenso sobre a defi nição de catarse. Encontramos elementos que se coadunam<br />

como na Política, sobre a educação musical em que a catarse assemelha-se a uma<br />

espécie de educação sentimental, uma vez que a virtude está relacionada às emoções,<br />

afecções e ações. Todavia, a tragédia como ação que deve provocar medo e<br />

piedade, em meio às divergências favorece a defi nição de catarse que concilia o<br />

aspecto intelectual e emocional. Identifi camos uma possível relação entre poesia e<br />

ética na tragédia. A Poética embora possa haurir alguns de seus princípios da ética<br />

aristotélica, não se submete a eles e tem um campo de manifestação que guarda<br />

sua auto<strong>no</strong>mia própria.<br />

Sobre o historiador e o poeta, podemos afi rmar que um diz o que aconteceu o<br />

outro o que poderia acontecer dentro do provável e do necessário, portanto, assim,<br />

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