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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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a dominação masculina, e cita alguns elementos que legitimam essa dominação.<br />

O autor afi rma que:<br />

A ordem social funciona como uma imensa máquina simbólica que<br />

tende a ratifi car a dominação masculina sobre a qual se alicerça: é a divisão<br />

social do trabalho, distribuição bastante estrita das atividades atribuídas a<br />

cada um dos sexos, de seu local, seu momento, seus instrumentos; é a estrutura<br />

do espaço, opondo o lugar de assembleia ou de mercado, reservados<br />

aos homens, e a casa, reservada às mulheres; ou, <strong>no</strong> interior desta, entre a<br />

parte masculina, com o salão, e a parte feminina, com o estábulo, a água e<br />

os vegetais; é a estrutura do tempo, a jornada, o a<strong>no</strong> agrário, ou o ciclo de<br />

vida, com momentos de ruptura, masculi<strong>no</strong>s, e longos períodos de gestação,<br />

femini<strong>no</strong>s.<br />

Bourdieu destaca a diferença biológica entre os sexos como um fator determinante<br />

da dominação masculina, cita mais especifi camente as diferenças anatômicas<br />

entre os órgãos sexuais masculi<strong>no</strong>s e femini<strong>no</strong>s. Diz que, enquanto o falo é<br />

visto como o órgão que enche de vida, a vagina se mostra como um órgão vazio,<br />

que deve ser preenchido. Dessa forma, o ato sexual é também visto pela sociedade<br />

como uma forma de legitimar a dominação masculina: “Compreende-se que o<br />

falo, sempre presente metaforicamente, mas muito raramente <strong>no</strong>meado e <strong>no</strong>meável,<br />

concentre todas as fantasias coletivas de potência fecundante 341 .” Vemos,<br />

assim, que a dominação masculina é legitimada através de elementos simbólicos<br />

relacionados ao trabalho, ao ambiente e ao sexo.<br />

A fi m de apresentar a imagem negativa da esposa – o que, de certo modo,<br />

justifi caria a necessidade de o homem guiá-la e dominá-la -, poderemos citar, na<br />

Literatura Clássica, vários exemplos de mulheres que, de alguma forma, causaram<br />

mal aos seus companheiros/esposos. Começaremos observando a história de Pandora,<br />

que, segundo a mitologia grega, foi a primeira mulher criada e que veio ao<br />

mundo com o propósito de castigar os homens.<br />

Ela foi oferecida por Zeus a Epimeteu, irmão de Prometeu. Muitos deuses<br />

se reuniram para tornar Pandora irresistível: “Afrodite deu-lhe a beleza e o desejo<br />

indomável, Hermes encheu-lhe o coração de artimanhas, imprudência, astúcia,<br />

ardis, fi ngimento e cinismo... Enfi m foi criado um presente funesto para castigar<br />

os homens 342 ...”<br />

Segundo a mitologia grega, a mulher foi responsável pelo fi m da paz e da<br />

341 Bourdieu, p.20.<br />

342 Brandão, Junito. Dicionário Mítico Etimológico da Mitologia Grega. Rio de Janeiro:<br />

Vozes, 1991, p.234.<br />

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