15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ladrão, então, te tornes das invencíveis armas.<br />

Sei que não é de tua natureza<br />

dizer essas coisas nem maquinar coisas sórdidas,<br />

mas certamente, é doce tirar lucro da vitória 481<br />

Nessa passagem, fi cam claras as vontades e astúcias de Odisseu, além de se<br />

conseguir perceber a fi gura quase que passiva de Neoptólemo, pois esse só vem<br />

como pessoa a executar as ideias desenvolvidas e planejadas por Odisseu.<br />

É nesse momento, <strong>no</strong> qual se revela ao público o pla<strong>no</strong>, que se começa a<br />

construção de uma farsa em tor<strong>no</strong> da manipulação que Neoptólemo terá que realizar<br />

para conseguir trapacear Filoctetes. O espectador, ao ser posto em um local<br />

de antecipação e conhecedor das mentiras que estão para ser contadas, poderá ver<br />

na fi gura de Filoctetes, mais uma vez, a imagem de um bobo, contrapondo a sua<br />

<strong>no</strong>breza intrínseca ao nascimento. A partir dessa situação ridícula, a comicidade<br />

instaura-se através do riso grosseiro da farsa e é confi rmado quando mais uma vez<br />

Filoctetes é ridicularizado, pois ao se encontrar com Neoptólemo é recebido como<br />

um desconhecido e dessa forma se apresenta contando sua história.<br />

Φιλοκτήτης<br />

ὦ τέκνον, οὐ γὰρ οἶσθά μ᾽ ὅντιν᾽ εἰσορᾷς;<br />

Νεοπτόλεμος<br />

πῶς γὰρ κάτοιδ᾽ ὅν γ᾽ εἶδον οὐδεπώποτε;<br />

Φιλοκτήτης<br />

οὐδ᾽ ὄνομ᾽ ἄρ᾽ οὐδὲ τῶν ἐμῶν κακῶν κλέος<br />

ᾔσθου ποτ᾽ οὐδέν, οἷς ἐγὼ διωλλύμην;<br />

Νεοπτόλεμος<br />

ὡς μηδὲν εἰδότ᾽ ἴσθι μ᾽ ὧν ἀνιστορεῖς. (vv.249-253)<br />

FIL. Ó fi lho, então não conheces este que estás contemplando?<br />

NE. Como reconhecer alguém que jamais vi?<br />

FIL. Nem o <strong>no</strong>me, nem o rumor dos meus males escutaste, pelos<br />

quais eu tinha sido arruinado?<br />

NE. Fica sabendo que nada sei do que me interrogas. 482<br />

Enquanto Filoctetes se apresenta ao estrangeiro desconhecido por ele, o pú-<br />

481 Sófocles. Filoctetes; tradução, introdução e <strong>no</strong>tas de Fernando Brandão dos Santos.<br />

São Paulo: Odysseus Editora, 2008, p. 61-63.<br />

482 Sófocles. Filoctetes; tradução, introdução e <strong>no</strong>tas de Fernando Brandão dos Santos.<br />

São Paulo: Odysseus Editora, 2008, p. 81.<br />

309

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!