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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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<strong>no</strong>-masculi<strong>no</strong>, o femini<strong>no</strong>-femini<strong>no</strong> e o femini<strong>no</strong>-masculi<strong>no</strong>, o qual era chamado<br />

de Andrógi<strong>no</strong>. A sua força e soberba era tamanha que chegavam a ameaçar até<br />

mesmo os deuses, por isso Zeus por precaução, decidiu dividi-los em dois. Uma<br />

vez divididos, homens e mulheres passaram a se buscar para se unirem <strong>no</strong>vamente<br />

e quando isso acontecia, deixavam-se morrer abraçados. Então Zeus doou aos<br />

homens a procriação através da copulação, da qual até o momento eram privados.<br />

Eis a razão pela qual homens e mulheres possuem aquele sentimento amoroso de<br />

busca pela sua outra “metade” (189c-194c).<br />

Agatão, o quinto orador, critica seus antecessores, pois acha que eles enalteceram<br />

Eros sem, contudo, explicar a sua natureza. Ele diz: “Para se louvar a quem<br />

quer que seja o verdadeiro método é examiná-lo em si mesmo para depois enumerar<br />

os benefícios que dele provém”. Diz, ao contrário de Fedro, que Eros é um deus<br />

jovem. Depois passa a enumerar as suas virtudes, ou seja, a justiça, a temperança e<br />

a potência desse deus. Chega a vez de Sócrates, o sexto orador, considerado o mais<br />

importante dos oradores presentes. Ele, com sua peculiar ironia, tece elogios a fi na<br />

estilística de todos os que o precederam e em seguida profere sua crítica: se quer<br />

realmente louvar alguém é necessário que se diga sempre e somente a verdade,<br />

não se deve contar falsidade para bajulá-lo.<br />

No Banquete, todos têm como pressuposto que Eros era um deus, por isso<br />

todos os oradores sentiram-se na obrigação de demonstrar que o amor é uma coisa<br />

boa. Mas, depois de um breve diálogo com Agatão, Sócrates demonstra que o Eros<br />

não pode ser bom e afi rma que ele é, antes, motor de desejo. Contudo, algo só pode<br />

ser desejado em estado de falta e não em presença, pois não se deseja aquilo de<br />

que não se precisa mais. Segundo Sócrates, o que se ama é somente “aquilo” que<br />

não se tem. E se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. O alvo do amor sempre<br />

está ausente, mas sempre é solicitado. Analogamente, a verdade é algo que está<br />

sempre mais além, sempre que pensamos tê-la atingido, ela se <strong>no</strong>s escapa entre os<br />

dedos. Alcibíades, o sétimo e último orador, à medida que profere uma espécie de<br />

elogio às avessas a Sócrates ao invés de discorrer sobre Eros, acaba por identifi car<br />

Sócrates, a própria encarnação do fi lósofo, à fi gura mesma de Eros: alguém que,<br />

sendo feio, ama o Belo; por extensão, admitindo-se ig<strong>no</strong>rante, ama a sabedoria.<br />

Mas, o que proponho nessa comunicação é fazer uma análise do discurso do<br />

quarto orador, Aristófanes tentando aludir o que Platão quisera revelar através da<br />

boca do maior comediógrafo grego. As palavras de Aristófanes parecem não apenas<br />

opor-se a tradição teogônica da tragédia grega, mas também das concepções<br />

fi losófi ca e da técnica, por isso seu discurso é desde sempre cercado de desconfi<br />

anças. Primeiro, Platão se utiliza de recurso cômico. Pois, na ordem prevista pelo<br />

programa do banquete oferecido por Agatão, Aristófanes deveria falar logo após<br />

Pausanias, mas é tomado por um acesso de soluço que o impede de falar, sendo<br />

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