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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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curso da imagem e da fantasia, os mitos abrem para a Consciência o acesso direto<br />

ao Inconsciente Coletivo. Até mesmo os mitos hediondos e cruéis são da maior<br />

utilidade, pois <strong>no</strong>s ensinam através da tragédia os grandes perigos do processo<br />

existencial” (1986, p. 9). É dessa forma que o mito grego, apesar de hoje não mais<br />

manter sua função primordial, a de explicar a origem do mundo, continua presente<br />

em <strong>no</strong>sso imaginário.<br />

2. Análise do fi lme Poderosa Afrodite de Woody Allen<br />

Feitas as considerações acerca do gênero trágico, podemos avaliar seus elementos<br />

abordados na comédia de Woody Allen. É importante salientar a difi culdade<br />

sempre presente na transferência de elementos de uma arte para outra, da<br />

pintura para a literatura, da literatura para o cinema etc. Um fi lme, uma conjugação<br />

de imagem, som e palavra tem um grande potencial para tentar a difícil tarefa<br />

que é a realização dessa transferência de símbolos. E quando se fala em elementos<br />

da cultura, do teatro e da literatura grega antiga que mantinham estruturas muito<br />

específi cas (tais como o coro, o número fi xo de atores etc.), a difi culdade torna-<br />

-se ainda maior. Apesar disso, muitos diretores desde o nascimento do cinema<br />

tomaram o modelo clássico do teatro grego na construção de suas obras. Podemos<br />

tomar como exemplo o fi lme de D.W. Griffi th (1875 – 1948), diretor que inaugura<br />

<strong>no</strong>vas técnicas para o cinema mundial e praticamente funda o cinema clássico<br />

america<strong>no</strong>, Lírio Partido (1919), em que vemos a construção de personagens heroicos<br />

e i<strong>no</strong>centes, que acabam por se tornar tragicamente vítimas de sua própria<br />

ingenuidade.<br />

Além da caracterização das personagens e construções indiretas a partir do<br />

modelo clássico, há diretores que arriscaram adaptar obras clássicas para o cinema,<br />

tal como Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975), grande artista dentro do cenário<br />

do neo-realismo italia<strong>no</strong>, que adaptou obras como Medeia (1969) e Édipo Rei<br />

(1967), nas quais manteve os elementos trágicos, recriando respectivamente as<br />

obras de Eurípides e Sófocles. Acentuando ainda mais o caráter trágico da peça de<br />

Eurípides, este considerado por Aristóteles em sua Poética como o mais trágico<br />

dos poetas gregos, o diretor Lars Von Trier (1956) fez em 1988 uma adaptação de<br />

Medeia para a TV dinamarquesa, fi cando a interpretação brilhante da infanticida<br />

a cargo da atriz Kirsten Olesen. Segundo Christian Metz (2007), o cinema assume<br />

uma postura própria enquanto linguagem, aproximando-se da literatura, sobretudo<br />

por ser o fi lme, antes de qualquer coisa, uma narração. No caso do teatro, essa<br />

aproximação torna-se ainda maior, não é à toa que o cinema já fora muitas vezes<br />

confundido com o teatro fi lmado.<br />

Há, assim, muitos exemplos da retomada dos elementos da cultura grega nas<br />

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