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O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

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Imagens do cômico nas Bacas, de Eurípides<br />

319<br />

Camila Sâmia da Silva Souza 501<br />

Orlando Luiz de Araújo<br />

Dioniso, deus grego do teatro, surge para nós como uma fi gura já um tanto<br />

contraditória. Quando pensamos em teatro na Grécia, lembramos automaticamente<br />

da tragédia, da comédia e de suas determinadas máscaras, o riso eter<strong>no</strong> da comédia<br />

e o eter<strong>no</strong> desespero trágico. Entretanto, na tragédia as Bacas, já observamos<br />

a complexidade da fi gura dionisíaca e do próprio enredo que <strong>no</strong>s aguarda, ao<br />

encararmos a fi gura que chega a nós representando o deus Dioniso portando uma<br />

“máscara sorridente”, algo que <strong>no</strong>rmalmente destoa do contexto trágico. Temos<br />

então diante de nós uma tragédia que traz Dioniso, esse deus de celebrações, festas<br />

e loucura, em contexto de desespero, sentimentalismo e medo. Não é estranho então,<br />

em um drama em que aparece essa fi gura, encontrarmos algo tão contraditório<br />

que é o riso em meio ao pranto.<br />

Trabalhamos aqui com o texto de Henri Bergson, O riso, em que o autor teoriza<br />

sobre o cômico de modo a, a partir desta teoria, analisarmos as imagens tidas<br />

por nós como cômicas <strong>no</strong> texto das Bacas. Ao analisar uma tragédia, especialmente<br />

se tomarmos por teoria a Poética de Aristóteles, uma observação que faremos é<br />

a impossibilidade do elemento cômico já que a tragédia <strong>no</strong>s inspiraria compaixão<br />

e temor. Henri Bergson, em seu ensaio, <strong>no</strong>s diz que “o maior inimigo do riso é a<br />

emoção”. Deste modo, fi caria então impossível encontrar o elemento cômico em<br />

uma tragédia, já que esta exige de nós uma aproximação, a fi m de <strong>no</strong>s identifi carmos<br />

com as personagens e a partir desta identifi cação sentirmos o medo e o temor<br />

provocado por ela. Mas, então, como considerar as Bacas, em que observamos o<br />

elemento cômico tão latente? Seria a diferença de cultura, de tempo e as distintas<br />

tradições que <strong>no</strong>s separam daquele povo os responsáveis por <strong>no</strong>sso entendimento<br />

da peça como cômica?<br />

O objetivo central desse trabalho é uma análise inicial das imagens cômicas<br />

na tragédia grega as Bacas, para tanto, não <strong>no</strong>s deteremos muito na análise da tragédia<br />

em si que preferimos observar mais detidamente em outro momento. Aqui,<br />

pretendemos ver as diferentes situações, personagens e cenas cômicas que surgem<br />

em meio à tragédia trabalhando principalmente com os conceitos de “fantoche a<br />

cordões” e de “inversão” de Bergson.<br />

As personagens serão também analisadas à luz de Bergson, levando em con-<br />

501 Aluna do curso de Letras da UFC/Professor Doutor do Núcleo de Cultura Clássica da<br />

UFC – Orientador.

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