15.04.2013 Views

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

O Riso no Mundo Antigo - NUCLAS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

do resto: segue meus conselhos, porque eu sei que são bons. Deixa essa<br />

melancolia, homem, e vem beber comigo! Transpõe esta porta e coroa-te de<br />

fl ores! Estou certo de que o tilintar das taças afugentando-te a tristeza, há<br />

de conduzir a um ditoso porto. Visto que somos mortais, convém que <strong>no</strong>s<br />

conformemos à condição das coisas mortais. Com efeito, a vida, para os<br />

homens austeros e tristes, não é a verdadeira vida, mas um suplício, e nada<br />

mais! (EURÍPIDES, s/d: 98-99)<br />

Como podemos <strong>no</strong>tar, Héracles se deleita realmente com o banquete oferecido,<br />

e, involuntariamente, chega a ser irônico com a situação real: ao dizer que<br />

“todos os homens são condenados a morrer, e não há um só que possa assegurar<br />

um dia que ainda estará vivo <strong>no</strong> dia imediato”, Héracles intensifi ca a dor do criado<br />

que é levado a lhe revelar a verdade a respeito dos funerais de Alceste. Após a <strong>no</strong>tícia<br />

revelada, Héracles se envergonha, demonstrando que não é insensível apesar<br />

de seus exageros, e decide recompensar Admeto por sua generosidade.<br />

Até aqui pudemos observar que Héracles se opõe a Apolo não só pelo fato de<br />

ser mortal, mas por se caracterizar deus pelo equilíbrio da razão, enquanto o glutão<br />

se caracteriza pelo exagero. Porém, vale ressaltar que como Apolo, Héracles<br />

também é grato a Admeto, e o ato de trazer de volta Alceste confi gura-se como<br />

gratidão, como afi rma Padilla (2000). Além disso, ao envergonhar-se de seus exageros,<br />

Héracles restabelece o equilíbrio e o tom solene da peça estabelecido por<br />

Apolo <strong>no</strong> prólogo. Assim, a peça se concretiza pela intervenção de Héracles, que<br />

nesse ponto não pode mais ser visto como um elemento cômico, visto que se desfez<br />

da glutonaria do banquete, dos modos exagerados e até mesmo da linguagem<br />

utilizada <strong>no</strong> discurso com o servo, fazendo, desse modo, com que haja, por parte<br />

do público, uma identifi cação em algum grau com seu caráter, uma vez que se<br />

mostrou generoso e cumpridor também das leis da hospitalidade.<br />

4. Conclusão<br />

Este trabalho se pautou na análise das fi guras de Apolo e Héracles na peça<br />

Alceste, de Eurípides, tentando estabelecer através delas, algumas discussões sobre<br />

o gênero dramático <strong>no</strong> qual a peça se enquadra. Não defi nimos Alceste. O que<br />

fi zemos foi abordar alguns pontos sobre essas questões, apresentar alguns pontos<br />

de vista e aplicá-los em <strong>no</strong>ssa análise.<br />

Através do paralelo estabelecido entre Apolo e Héracles, pudemos ver que<br />

as duas atuações parecem formar dois pontos distintos, pois enquanto Apolo equilibra<br />

e torna solene a ação da peça, Héracles destoa, em um primeiro momento,<br />

de toda a construção de Apolo, trazendo para a cena uma verdadeira glutonaria.<br />

346

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!