CÚPULA DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE SOBRE ... - Funag
CÚPULA DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE SOBRE ... - Funag
CÚPULA DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE SOBRE ... - Funag
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
INTERVENÇÕES (VERSÕES EM PORTUGUÊS)<br />
trilhões, chegando a 3 trilhões, por que razão não houve uma reação positiva<br />
dos mercados, logrando-se uma superação da atual crise financeira?<br />
Evidentemente, os mercados não reagiram positivamente, pois se oculta<br />
da opinião pública internacional a outra parte da realidade e a outra parte da<br />
realidade é que há novos instrumentos financeiros também afetados, como sejam,<br />
em uma tradução, as chamadas permutas de créditos não pagos, ou em inglês,<br />
credit default swaps, que se utilizavam como uma espécie de seguros nas<br />
contratações de crédito por parte de pessoas com maus históricos de créditos,<br />
atuando como companhias de seguros, sem serem companhias de seguros,<br />
ficando, portanto, fora de toda regulamentação. Hoje, sabemos que esse sistema<br />
de permutas de créditos não pagos representa, nos Estados Unidos, um mercado<br />
equivalente a 60 trilhões de dólares. 60 trilhões de dólares criados artificialmente<br />
à base de papéis, com base na ficção, em um sistema não regulado.<br />
Obviamente, como existe este problema dos credit default swaps, os<br />
mercados não reagem positivamente porque sabem que esta crise não se<br />
limita a um problema hipotecário imobiliário, mas foi além, a uma escala<br />
superior, que tem a ver com o funcionamento de todo o sistema financeiro<br />
internacional.<br />
60 trilhões de dólares equivalem ao Produto Interno Bruto de todos os<br />
países do planeta. Não há forma de solucionar uma crise de 60 trilhões de<br />
dólares. Se fosse possível conter esta crise no nível do sub prime, no nível<br />
do crédito hipotecário imobiliário, poder-se-ia ficar otimista, ao considerar<br />
que a partir do segundo semestre do próximo ano se iniciaria um processo<br />
gradual de recuperação e de reativação do crescimento em escala mundial.<br />
Mas, se a crise está contaminada com as permutas de créditos inadimplentes,<br />
penso que aí devemos ter consciência de que estamos falando de uma crise<br />
de pelo menos 10 a 15 anos, porque não há maneira de enfrentar um problema<br />
de 60 trilhões de dólares.<br />
Esse é o problema que temos hoje em dia. Realmente, de que se trata?<br />
De uma crise imobiliária que se internacionalizou pelo mecanismo da<br />
securitização ou de uma crise mais profunda, que tem a ver com as permutas<br />
de créditos inadimplentes. Dependendo de qual seja a resposta, temos dois<br />
cenários distintos: um cenário que se pode controlar ou um cenário que estará<br />
totalmente fora de controle, com efeitos devastadores desde o ponto de vista<br />
político, social, econômico e institucional para todos os nossos povos.<br />
Então, penso que nós, como assembléia aqui reunida, devemos exigir,<br />
exigir, e que saia daqui como exigência às autoridades financeiras<br />
188