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M. Polette e F. Lins-de-Barros<br />
municípios litorâneos brasileiros apresentam uma<br />
densidade de 123 hab/km².<br />
A distribuição da população dos municípios costeiros<br />
brasileiros apresenta algumas singularidades. Cidades<br />
grandes e metrópoles situam-se na zona costeira<br />
representando, portanto, trechos relativamente<br />
pequenos, se comparados com a extensão total da<br />
linha de costa, com densidade populacional muito<br />
elevada contrastando com o restante das cidades<br />
litorâneas médias e pequenas que apresentam baixa<br />
densidade. A região Nordeste é o exemplo mais<br />
representativo desta distribuição tendo apresentado<br />
o maior crescimento demográfico entre a década de<br />
2000 a 2010. Possui ainda os aglomerados urbanos<br />
litorâneos mais populosos intercalados com os municípios<br />
menos populosos de todo litoral brasileiro.<br />
Cabe ainda destacar entre os maiores aglomerados<br />
urbanos da costa brasileira as várias capitais<br />
estaduais: Maceió (Alagoas), Salvador (Bahia), Fortaleza<br />
(Ceará), Vitória (Espírito Santo), São Luis<br />
(Maranhão), Belém (Pará), João Pessoa (Paraíba),<br />
Recife (Pernambuco), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro),<br />
Natal (Rio Grande do Norte), Florianópolis (Santa<br />
Catarina) e Aracaju (Sergipe). Destacando-se o<br />
Rio de Janeiro como a única megacidade costeira<br />
brasileira. Segundo MMA (2006), a maioria dessas<br />
capitais constitui regiões metropolitanas: conjuntos<br />
de municípios intensamente urbanizados, contíguos<br />
e integrados social e economicamente a uma cidade<br />
central e com compartilhamento de demandas por<br />
serviços públicos e infra-estrutura urbana.<br />
Do conjunto de municípios costeiros brasileiros, 36%<br />
possuem até 20.000 habitantes, 31% entre 20 mil<br />
a 50 mil habitantes, 12,75% entre 50 mil a 100 mil<br />
habitantes; 16,5% entre 100 mil a 500 mil habitantes;<br />
2,25% entre 500 mil a um milhão de habitantes<br />
e 1,5% apresentam municípios com mais de um<br />
milhão de habitantes. Cabe destacar que nas seis<br />
maiores cidades litorâneas brasileiras com mais de<br />
um milhão de habitantes (Belém, São Luis, Fortale-<br />
Quadro 1: Classificação regional pela população municipal<br />
Cidades por<br />
região<br />
1.000.000<br />
Norte 17 21 5 6 - 1<br />
Nordeste 82 64 27 22 5 4<br />
Sudeste 12 20 12 29 3 1<br />
Sul 33 19 7 9 1 -<br />
Total 144 124 51 66 9 6<br />
Fonte: IBGE (2010). Organização: Autor<br />
za, Recife, Salvador e Rio de Janeiro) vivem 33,74%<br />
da população costeira do Brasil (Quadro 1).<br />
O quadro urbano e demográfico se torna ainda mais<br />
grave se considerarmos que segundo o Estatuto da<br />
Cidade - Lei 10.257/01 no seu artigo 41, o plano diretor<br />
no Brasil é obrigatório para cidades com mais<br />
de vinte mil habitantes, logo 64% dos municípios<br />
costeiros já deveriam tê-lo, além do que os municípios<br />
com mais de 500 mil habitantes. Além disso,<br />
as cidades com mais de quinhentos mil habitantes,<br />
deverão também elaborar um plano de transporte urbano<br />
integrado, compatível com o plano diretor ou<br />
nele inserido.<br />
Considerando, portando, o cenário demográfico<br />
acima exposto e a vulnerabilidade física própria do<br />
ambiente costeiro, o conjunto de municípios costeiros<br />
brasileiros deve ser considerado o mais sujeito<br />
aos problemas advindos das mudanças climáticas.<br />
Segundo o Plano Nacional de Mudanças Climáticas<br />
de forma geral, as populações mais pobres e com<br />
piores índices de desenvolvimento são as mais vulneráveis<br />
à mudança do clima, a qual vem intensificar<br />
problemas ambientais, sociais e econômicos já existentes.<br />
A adaptação passa, portanto, por promover<br />
melhores condições de moradia, alimentação, saúde,<br />
educação, emprego, enfim, de vida, levando em<br />
consideração a interação entre todos os aspectos e<br />
características locais, inclusive ambientais. É consenso,<br />
portanto que a promoção da sustentabilidade<br />
é o modo mais efetivo de aumentar a resiliência à<br />
mudança do clima.<br />
O Litoral brasileiro frente às<br />
Mudanças Climáticas<br />
Atualmente o foco dos debates internacionais em<br />
torno da vulnerabilidade costeira está diretamente<br />
associado às previsões das mudanças climáticas<br />
para os próximos 100 anos realizadas pelo Painel<br />
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC,<br />
2007) que apontam para os perigos potenciais, com<br />
destaque para o aquecimento global e a subida do<br />
nível do mar. Considerando-se diferentes cenários<br />
de emissão de CO 2 o IPCC afirma que até o final do<br />
século XXI pode haver desde um aumento da tem-<br />
168 <strong>Costas</strong> - <strong>Vol</strong>. 1 - Nº.1 - Julio 2012