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Os desafios urbanos na zona costeira brasileira frente às mudanças climáticas<br />
da realidade em um sistema, o qual é definido em<br />
termos de uma medida ou de um procedimento de<br />
observação; ii) cada variável está associada a um<br />
conjunto particular de entidades; iii) essas entidades<br />
referem-se a valores particulares da variável; e iv) o<br />
conjunto de valores da variável determina um estado<br />
(Gallopín, 1996 apud Ribeiro, 2002).<br />
Ribeiro (2002) considera que a interpretação pragmática<br />
de uma variável particular como um indicador<br />
baseia-se no fato de tal variável conter informação<br />
sobre a condição ou a tendência dos atributos<br />
do sistema em análise, tornando perceptível, desse<br />
modo, o fenômeno de interesse. Ainda, essas variáveis<br />
simplificam a informação de interesse, tornando<br />
o fenômeno visível e quantificado. Por meio da<br />
quantificação, é possível medir e comunicar. Isso é<br />
fundamental para o processo político e para a tomada<br />
de decisão.<br />
Indicadores ambientais são, portanto não apenas<br />
necessários, mas indispensáveis para fundamentar<br />
as tomadas de decisão nos mais diversos níveis e<br />
nas mais diversas áreas. É importante destacar que<br />
alguns modelos tem se mostrados mais eficientes<br />
no processo didático de exprimir sua importância<br />
nas tomadas de decisões nos mais diversos níveis<br />
institucionais e setoriais. Neste sentido o estrutura<br />
DPSIR pode ser considerado adequado para exprimir<br />
os problemas urbanos em tempos de mudanças<br />
climáticas globais.<br />
O MODELO Força Motriz – Pressão –<br />
Estado – Impacto – Resposta (DPSIR)<br />
Por recomendação da Agencia Européia do Ambiente<br />
(European Environment Agency – EEA), sobre<br />
como deveriam proceder com o desenvolvimento de<br />
uma estratégia para a Avaliação Ambiental Integrada<br />
(Integrated Environmental Assessment), o Instituto<br />
Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente<br />
da Holanda (RIVM) propôs o uso de uma estrutura<br />
que distingue força-motriz, pressão, estado, impacto<br />
e resposta. Esta estrutura ficou sendo conhecida<br />
como DPSIR (do inglês driving forces-pressurestate-impact-response),<br />
sendo desde então, mais<br />
amplamente adotada pela EEA e se firmando como<br />
uma abordagem integrada para relatórios, tal como o<br />
Relatório de Estado do Ambiente (SoER) da EEA. O<br />
estrutura DPSIR é visto como uma estrutura através<br />
da qual são apresentados os indicadores necessários<br />
para fornecer um feedback (resposta) aos formuladores<br />
de políticas públicas ligadas à qualidade<br />
do meio ambiente e aos impactos resultantes de decisões<br />
políticas tomadas ou a serem tomadas (Kristensen,<br />
2004).<br />
De acordo com Walmsley (2006), o uso da estrutura<br />
DPSIR tornou-se recorrente no relatório de estado<br />
do ambiente. A estrutura faz uso de diversas categorias<br />
de indicadores que descrevem o estado das<br />
questões relevantes para o meio natural. A estrutura<br />
assume as relações de causa-efeito entre os componentes<br />
dos sistemas social, econômico e ambiental,<br />
que são os seguintes:<br />
• Força-motriz de mudanças ambientais (ex.<br />
densidade populacional na orla e/ou crescimento<br />
populacional nos municípios costeiros);<br />
• Pressão sobre o meio ambiente (ex. ocupação<br />
desordenada na orla, pobreza nos municípios<br />
costeiros);<br />
• Estado do ambiente (ex. % população vivendo<br />
em favelas, quilômetros de orla com problemas<br />
de erosão costeira);<br />
• Impacto sobre a população, economia, ecossistemas<br />
(ex. mortalidade infantil, crimes juvenis,<br />
expectativa de vida ao nascer), e<br />
• Resposta da sociedade (ex. participação da<br />
sociedade nas tomadas de decisão; medidas<br />
de proteção dos processos erosivos na orla).<br />
A UNESCO (2006) considera a estrutura DPSIR uma<br />
abordagem conveniente para analisar as ligações<br />
entre as forçantes tendências socioeconômicas,<br />
fenômenos ecológicos e respostas institucionais. A<br />
estrutura segue uma base causal que vai desde as<br />
forças motrizes das mudanças ambientais (como o<br />
crescimento da população e densidade), que levam<br />
a pressões no meio ambiente (como o aumento do<br />
aporte de esgotos nas águas costeiras), que resultam<br />
em mudanças no estado do ambiente (como a<br />
quantidade de poluentes orgânicos nas águas costeiras),<br />
que por sua vez resultam em impactos ambientais<br />
e socioeconômicos (como as mudanças no<br />
valor de recreação das águas de banho), o que por<br />
sua vez conduz a respostas institucionais (como o<br />
aprimoramento do tratamento das águas residuais).<br />
Segundo Svarstad et al. (2007), a estrutura DPSIR<br />
tornou-se popular tanto entre pesquisadores quanto<br />
entre os formuladores de políticas, como um modelo<br />
conceitual para estruturação e comunicação de pesquisas<br />
relevantes relacionadas às políticas para o<br />
meio ambiente.<br />
A Figura 4 demonstra a aplicação da estrutura DP-<br />
SIR, com os seus cinco compartimentos preenchidos,<br />
tendo como exemplo o ambiente marinho.<br />
A aplicação da estrutura DPSIR define assim facilmente<br />
seus componentes, sendo um modelo útil para<br />
descrever as várias relações de causa-efeito, uma<br />
vez que atribuir as mudanças nos ecossistemas de<br />
forma inequívoca às pressões humanas geralmente<br />
se mostra uma tarefa difícil. Neste caso é importante<br />
considerar que o modelo também pode ser ajustado<br />
às Metas do Milênio das Nações Unidas (ODM 7 que<br />
visa Garantir a Sustentabilidade Ambiental) especificamente<br />
quando aplicado com o futuro da questão<br />
urbana frente às Mudanças Climáticas no território<br />
costeiro (Quadro 4).<br />
O apoio aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio<br />
(ODMs) dentro do sistema ONU é coordenado<br />
pelo <strong>Programa</strong> das Nações Unidas e Desenvolvi-<br />
<strong>Costas</strong> - <strong>Vol</strong>. 1 - Nº.1 - Julio 2012<br />
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