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Tendiendo Puentes hacia la Interculturalidad Ponencias

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officiel et à une approbation étatique.” (Lebrun et al. 2005) Assim, este apoio<br />

pedagógico, ao reinterpretar os conteúdos curricu<strong>la</strong>res, pode inserir subtilezas de<br />

vários tipos – de índole política, social ou pedagógica – ou perpetuar diversas formas<br />

de marginalização e discriminação (Grasa, 1988, cit. em Luengo González; Maya<br />

Retamar, 1999: 270), legitimando, graças ao poder da pa<strong>la</strong>vra escrita e da imagem,<br />

modelos nem sempre positivos, que o(a) aluno(a) vai assimi<strong>la</strong>ndo, aos poucos, como<br />

exemplos a seguir. E as consequências que daqui advêm, assumem particu<strong>la</strong>r<br />

relevância no 1.º CEB, já que os alunos se encontram, então, numa faixa etária<br />

particu<strong>la</strong>rmente receptiva ao que lhes é transmitido pelos adultos, sobretudo, no que<br />

respeita à inculcação e hierarquização dos valores, sendo “(...) à partida ainda pouco<br />

críticos, maleáveis a uma possível ortodoxia ideológica, científica e pedagógica,<br />

alienáveis pelo atractivo das imagens e de outros artifícios e para quem a<br />

permanência impressa do conteúdo pode significar uma espécie de ‘verdade absoluta’,<br />

ao longo de muitos anos da sua vida. E é aqui que se insta<strong>la</strong> o possível poder dos<br />

manuais esco<strong>la</strong>res, cujo controlo foi tentado ao longo dos últimos séculos por tantos<br />

tipos de poder político.” (Tormenta, 1996: 11) Os trabalhos referidos atrás incidiram<br />

essencialmente sobre os manuais de língua materna e de História. Todavia, sendo<br />

incontestável a importância, no currículo do 1.º CEB, do Estudo do Meio – cujos<br />

objectivos gerais e conteúdos programáticos, por um <strong>la</strong>do, visam o estudo e<br />

compreensão da realidade envolvente na perspectiva de uma futura intervenção social<br />

e cívica e permitem, por outro, articu<strong>la</strong>r de forma integrada aprendizagens das<br />

restantes áreas, tornando-o, cada vez mais, o eixo estruturador do currículo global do<br />

1.º ciclo (Sá, 1994; Roldão, 1995) – pareceu-nos pertinente analisar como são<br />

concretizados, nos manuais esco<strong>la</strong>res dessa área curricu<strong>la</strong>r, os ideais de uma efectiva<br />

educação para todos, já esboçados na LBSE e gradualmente enformados em<br />

legis<strong>la</strong>ção posterior, ou seja, perscrutar a situação dos manuais de Estudo do Meio, no<br />

que respeita, especificamente, à transmissão dos valores/atitudes/comportamentos<br />

subjacentes à diversidade existente na sociedade contemporânea.<br />

Embora este estudo realizado sobre os manuais adoptados no distrito de Coimbra<br />

para o ano lectivo de 2003/04 seja muito mais vasto (Loff, 2003), visando a educação<br />

intercultural na sua significação mais amp<strong>la</strong> introduzida anteriormente, restringimonos,<br />

neste artigo, apenas à vertente étnico/cultural. De forma mais específica,<br />

pretendemos averiguar como se posicionam estes manuais face à questão fulcral que<br />

se segue:<br />

Questão 1: Como lidam e ensinam a lidar, implícita e explicitamente, com as<br />

diferenças dos alunos a que se destinam – provindas das suas origens étnica ou<br />

cultural, da naturalidade (país ou região), da confissão religiosa que professam –<br />

contribuindo para um desenvolvimento equilibrado das especificidades (físicas,<br />

culturais, sociais) destes e de atitudes positivas/comportamentos integradores por<br />

parte dos restantes?<br />

Na verdade, sempre que os autores sentem, de forma consciente, a necessidade de<br />

abordarem uma determinada dimensão da diversidade – ou porque está directamente<br />

contemp<strong>la</strong>da ou implicada no currículo ou porque faz parte das prioridades ditadas<br />

pe<strong>la</strong> sua formação/experiência como ser humano ou profissional –, isso leva-os a<br />

ensinar os alunos, em termos mais ou menos bem conseguidos, a lidar com e<strong>la</strong>.<br />

Todavia, não pode ser esquecido que esses mesmos autores, sendo pessoas reais<br />

com os seus percursos e interesses, também lidam, eles próprios, com a diferença,<br />

transmitindo as suas convicções e (de)formações – muitas vezes, sem se darem conta<br />

– já que a prática pedagógica não é uma mera concretização de receitas, de modelos<br />

didácticos ou de esquemas consciente de acção (Vieira, 1999: 360). É particu<strong>la</strong>rmente<br />

neste último domínio que a análise de conteúdo, ao “tratar de forma metódica<br />

informações (...) que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade”<br />

(Quivy; Campenhoudt, 1998: 81; 227), preenche mais plenamente a sua função ao<br />

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