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Tendiendo Puentes hacia la Interculturalidad Ponencias

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que, apesar de toda a influência que este instrumento pedagógico possa deter sobre<br />

os docentes, é em primeira instância a cada um deles que cabe, perante as<br />

características diversas dos seus alunos, promover o direito às diferenças e valorizá<strong>la</strong>s<br />

num quadro de interacção permanente entre as especificidades individuais, seja de<br />

que tipo forem, e os interesses globais.<br />

Todavia, tendo em conta que qualquer livro esco<strong>la</strong>r é e<strong>la</strong>borado por professores e que<br />

são eles também quem os avalia para uma possível adopção – portanto, por se<br />

identificar, melhor ou pior, com as estratégias e formas de abordagem dos diversos<br />

conteúdos – os resultados obtidos, no seu conjunto, podem servir, por um <strong>la</strong>do, de<br />

base a uma conjectura sobre a postura da c<strong>la</strong>sse docente no que respeita à<br />

diversidade, e, por outro, de indicador ao nível do trabalho que há a desenvolver neste<br />

domínio, nas formações inicial e contínua destes profissionais da educação para os<br />

ajudar a abandonar estratégias uniformes, a que Formosinho (2001: 128) chama<br />

“abordagens daltónicas”. Embora muitos professores as considerem adequadas a<br />

todos os alunos, baseados na “crença de que a criança tem cegueira à cor (colour<br />

blindness) e a outras diferenças sociais e culturais.” (Formosinho, 2001: 128), sabe-se<br />

hoje que “é desde a primeira infância que as crianças recebem mensagens acerca do<br />

seu próprio valor, acerca de quem tem ou não tem valor, acerca de como os adultos<br />

respondem às diferenças (...), acerca do que é a justiça (...)” (Formosinho (2001: 128)<br />

Além disso, a importância do papel do Estudo do Meio como eixo estruturador do<br />

currículo global do 1.º CEB permite que a partir desta análise, mais do que<br />

prognosticar sobre a implementação da interculturalidade nesta área específica, se<br />

possa ter uma ideia do que se passa em todo este grau de ensino. A conjectura assim<br />

obtida poderá servir de ponto de partida para futuras investigações.<br />

Pensamos também que alguns dos resultados alcançados podem ser aplicados a<br />

universos geográficos mais vastos, já que a grande maioria das editoras envolvidas<br />

têm uma cobertura nacional. Porém, qualquer generalização deve assumir a forma de<br />

uma hipótese e ser sujeita a uma análise simi<strong>la</strong>r à que aqui desenvolvemos.<br />

Esperamos que as conclusões a que chegámos possam ajudar, de alguma forma, na<br />

e<strong>la</strong>boração/utilização dos manuais esco<strong>la</strong>res dirigidos ao Estudo do Meio e, por<br />

inerência, às restantes áreas, no sentido da implementação de uma genuína educação<br />

intercultural, pois consideramos ser esta um domínio onde se deve investir com<br />

urgência, se se pretende efectivamente contrariar a situação diagnosticada por Leite<br />

(2002: 142), nos seguintes termos: “(...) na sociedade portuguesa predomina uma<br />

visão social que considera certas culturas deficitárias, o que faz com que a diferença<br />

seja percepcionada como um delito e não como um factor potenciador de<br />

enriquecimento pessoal e social”.<br />

E é seguramente no sentido do estabelecimento de uma sociedade verdadeiramente<br />

intercultural que temos todos que caminhar: “Los rasgos más característicos del<br />

momento actual son: el cambio vertiginoso, <strong>la</strong> mundalización y uniformidad de <strong>la</strong><br />

cultura, y el reconocimiento de <strong>la</strong>s culturas minoritarias.” (Ibáñez, 1993: 154) Desde há<br />

muito que esta situação de mestiçagem generalizada tem vindo a ser predita por<br />

numerosos estudos sociológicos, antropológicos e políticos e encarada, em vários<br />

círculos, com reservas e inquietude. Já Arthur de Gobineau, no seu Ensaio sobre a<br />

Desigualdade das Raças Humanas (1853-1855), exprimia a apreensão de ver a<br />

diversidade cambiante das ‘raças’ fundir-se num triste “cinzentismo” e a partir daí,<br />

muitos têm aventado a possibilidade de, progressivamente, as culturas de todo o<br />

mundo convergirem para um modelo único. Porém, pensamos, como Warnier, que<br />

“(...) a humanidade está constitutivamente consagrada a produzir clivagens sociais<br />

(....) e<strong>la</strong> é uma formidável máquina de produzir diferença cultural, apesar de todos os<br />

processos que se operam em sentido inverso.” (1999: 24) Assim, a diversidade<br />

continuará a imperar na sociedade, assumindo, de certo, outras formas e levantando<br />

outras problemáticas. Contudo, em cada momento, qualquer que seja a solução<br />

encontrada para se convergir para uma verdadeira interculturalidade, e<strong>la</strong> assentará,<br />

seguramente, no seguinte princípio universal e intemporal tão simples e,<br />

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