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Tendiendo Puentes hacia la Interculturalidad Ponencias

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com o folclore – dos brasileiros e dos ciganos, em [3-A] – ou outros clichés com que os<br />

grupos minoritários que vivem entre nós têm vindo a ser identificados no decorrer dos<br />

tempos – caso dos ciganos a deslocarem-se em carroças, como em [3-C, F] – ou com<br />

as suas ocupações mais conhecidas – por exemplo, os ciganos ainda, nas vendas<br />

ambu<strong>la</strong>ntes, os chineses, no comércio,... Em [3-C], a abordagem desta questão é mais<br />

pormenorizada no que tange aos ciganos e às suas “tradições curiosas”, incluindo<br />

uma breve resenha histórica, embora as imagens ilustrem aspectos estereotipados – a<br />

leitura da sina, para além da deslocação em carroças e da venda ambu<strong>la</strong>nte, já<br />

referidas. Salientamos, porém, em [3-A, C] a proposta de recolhas de informações<br />

sobre este tema, o que pode minorar, pe<strong>la</strong> actuação do(a) professor(a), a abordagem<br />

algo negativa a que acabamos de aludir. [4-B,C] propõem também recolhas de<br />

informações.<br />

No entanto, as alusões à diversidade no mundo sob o aspecto de tradições/hábitos<br />

sociais encontram-se já em treze manuais espalhadas pelos diversos anos de<br />

esco<strong>la</strong>ridade, sendo de realçar, pe<strong>la</strong> forte transversalidade e realismo com que este<br />

tema é tratado, [1-F; 2-D]. Como já referimos na secção 2.1 deste capítulo, a nível do<br />

3.º ano, na exploração da unidade facultativa “Conhecer costumes e tradições de<br />

outros povos”, ape<strong>la</strong>-se em geral para um número muito reduzido de etnias,<br />

representadas em situações muito pouco realistas.<br />

Parale<strong>la</strong>mente a estas quatro questões, tínhamos enunciado também a seguinte<br />

hipótese: As imagens veicu<strong>la</strong>m estereótipos e marginalizações, mesmo quando não<br />

estão presentes no texto que as acompanham.<br />

Entre as representações de personagens dos grupos étnicos que vivem em Portugal –<br />

todas e<strong>la</strong>s em manuais para o 3.º ano de esco<strong>la</strong>ridade e quase sempre em fotografia –<br />

encontrámos algumas questionáveis. No entanto, dada a idade a que e<strong>la</strong>s se<br />

destinam, corre-se o risco de considerar como estereótipo uma mera imagem<br />

simplificada – mas pouco feliz – de uma etnia, cultura ou região, pelos seus traços<br />

distintivos mais conhecidos, mesmo quando são, na actualidade, já pouco realistas.<br />

Pode ainda corresponder à escolha de uma ilustração banal que, tomada como<br />

representativa de uma dada etnia ou cultura, aviva na memória colectiva um desses<br />

estereótipos.<br />

Conclusões<br />

A investigação que desenvolvemos sobre os manuais adoptados no distrito de<br />

Coimbra, durante o ano lectivo de 2002/03, parece permitir retirar já algumas<br />

conclusões e iso<strong>la</strong>r várias fragilidades frequentes:<br />

���� Os livros esco<strong>la</strong>res analisados lidam ainda de forma muito deficitária com a<br />

interculturalidade, o que se reflecte, obviamente, no modo como ensinam a lidar com a<br />

diversidade, pois, ser um bom professor intercultural passa, obrigatoriamente, por uma<br />

sólida formação como pessoa intercultural: uma análise global dos Quadros 5 reve<strong>la</strong><br />

que é ainda a omissão que impera no ensino dispensado no âmbito da educação<br />

intercultural.<br />

Além disso, são muito tímidas e demasiado iso<strong>la</strong>das as tentativas que encontrámos<br />

neste sentido e a sua ocorrência, de uma forma geral, é directamente determinada<br />

pelos requisitos explicitados no programa em vigor, à excepção de uns poucos<br />

manuais. Assim, encontramos ainda, na grande maioria dos manuais analisados,<br />

pressupostos de homogeneidade que não corresponde sequer à realidade nacional e<br />

muito menos à sociedade global cuja existência é já hoje inquestionável. Não<br />

desenvolvem nos alunos a que se destinam a consciência das diferenças entre<br />

pessoas e suas experiências (no sentido positivo) nem estimu<strong>la</strong>m a criação de<br />

ambientes que promovam a educação para a diferença. Apesar das realidades “que a<br />

teoria e a investigação reportam acerca da competência precoce das crianças em<br />

re<strong>la</strong>ção à percepção das diferenças de base étnica, social e cultural” (Oliveira-<br />

Formosinho, 2001: 129), apresentam uma percepção de Portugal como um País<br />

homogéneo do ponto de vista étnico, religioso e social, reminiscências das origens da<br />

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