para sus propios hijos con amores compartidos
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Ângela Soligo, Fernanda de Lourdes<br />
no <strong>con</strong>junto dos países latino-americanos foi <strong>con</strong>stituído a partir das transformações<br />
sociais e políticas ocorridas fundamentalmente nesse período.<br />
Ao longo da história do ocidente, portanto, o que se chamava família<br />
foi sofrendo transformações que, via de regra, atendiam a interesses<br />
e<strong>con</strong>ômicos, políticos e da vida prática. Na idade média, a estrutura familiar<br />
predominante era a família extensa. Nos castelos, sob o domínio e proteção<br />
de um rei, um príncipe ou um nobre, viviam a família oficial, os filhos<br />
bastardos, parentes, criados e outros serviçais, além dos soldados que protegiam<br />
o castelo. Essa <strong>con</strong>figuração garantia a segurança do grupo, pois um<br />
grupo pequeno, fraco, ficaria mais vulnerável e exposto a invasões e saques.<br />
Nas camadas pobres, os camponeses, os artesãos, a família extensa,<br />
que incluía pai, mãe, filhos e outros parentes e agregados, era garantia<br />
de produção e atendimento a demandas de sobrevivência, já que não havia<br />
se<strong>para</strong>ção entre a família e o trabalho.<br />
A família era mantida por uma ligação estritamente hereditária,<br />
que não proporcionava vínculos afetivos e não servia como base de <strong>sus</strong>tentação<br />
da infância; tratavam-se os infantes como “adultos pequenos” (Ariès,<br />
1981).<br />
Os laços que uniam as famílias não incluíam o amor romântico<br />
nem o afeto in<strong>con</strong>dicional dos pais por seus filhos. Entre os nobres, era a<br />
manutenção e ampliação de posses e riquezas que orientava a união entre<br />
casais, assim como a tradição e os ajustes dirigiam as escolhas entre o povo.<br />
Os filhos eram em geral mandados a trabalhar em outras casas<br />
ainda pequenos, <strong>para</strong> aprenderem ofícios e tornarem-se úteis à produção.<br />
Sequer entre a nobreza as crianças eram cercadas de proteção e afeto. Em<br />
um período em que a higiene não era um princípio <strong>con</strong>hecido e cultivado,<br />
os espaços eram indiscriminadamente compartilhados, a <strong>con</strong>vivência com<br />
agentes físicos de risco à saúde tornava as possibilidades de sobrevivência<br />
dos bebês bastante fraca, o que fazia com que pouco investimento afetivo<br />
marcasse a relação pais-filhos (Charlot, 1983).<br />
É a partir da revolução francesa que se inicia uma nova ordem<br />
familiar no ocidente, que busca romper com o modelo extenso, destruir<br />
os muros dos castelos e promover uma <strong>con</strong>figuração que garantisse a<br />
sobrevivência das crianças e um modelo de proteção particularizado,<br />
privatizado. Os primeiros movimentos higienistas vêm assegurar, com<br />
um discurso científico, a importância da proteção e higiene do ambiente e<br />
do trato com os bebês, a fim de garantir sua sobrevivência. A nova ordem<br />
demandava expansão populacional, em especial entre o povo trabalhador,<br />
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