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para sus propios hijos con amores compartidos

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Ângela Soligo, Fernanda de Lourdes<br />

política era um exercício de homens. A casa, o lar, era o espaço do descanso<br />

masculino. Ali o homem, o marido, o pai, deveria ser obedecido e servido –<br />

por sua esposa e suas filhas mulheres.<br />

À mulher – mãe, esposa, cabia o cuidado da família e da casa.<br />

Esperava-se que ela servisse ao marido em suas necessidades alimentares,<br />

sexuais e de <strong>con</strong>forto. Esperava-se também que servisse aos filhos, alimentando-os,<br />

cuidando, educando e protegendo. Que ensinasse às filhas mulheres<br />

as tarefas ditas “femininas” – o ofício de sevir, e aos filhos homens criasse<br />

<strong>para</strong> liderarem, <strong>para</strong> trabalharem, <strong>para</strong> decidirem e <strong>para</strong> serem servidos<br />

(Bruschini, 1979).<br />

Desse modo ficavam definidos os papéis sociais de homens e mulheres<br />

ocidentais e também garantida a perpetuação desse modelo – higienizado,<br />

protegido, produtivo.<br />

Com o desenvolvimento do capitalismo e toda a mudança social<br />

daí decorrente, a autoridade paterna e a relação entre pais e filhos modificam-se.<br />

A relação entre mãe e filho passa a ser mediada pelo <strong>con</strong>hecimento<br />

técnico e científico e a relação paterna sofre um enfraquecimento. Segundo<br />

Horkheimer & Adorno (1973), a autoridade paterna é substituída ou transferida<br />

<strong>para</strong> a coletividade, ela declina frente à emergência da racionalização.<br />

Antes desse processo, a autoridade paterna estava alicerçada na ideia do<br />

provedor, não só e<strong>con</strong>ômico, mas também moral. Com o desenvolvimento<br />

do capitalismo, a autoridade enquanto referência de valores é substituída<br />

pelo pensamento racional e a autoridade familiar torna-se praticamente inexistente;<br />

a família deixa de ocupar o lugar central na educação dos filhos e<br />

suas funções são transferidas <strong>para</strong> a escola, <strong>para</strong> o Estado e outros grupos<br />

sociais. O que se observa nesse processo é que a família, a partir do séc.<br />

XIX, é atravessada por um discurso científico especializado.<br />

279<br />

É importante lembrar, também, que as duas guerras mundiais<br />

trouxeram <strong>para</strong> a vida das famílias significativas alterações, decorrentes da<br />

partida dos homens <strong>para</strong> os campos de batalha e do ingresso das mulheres<br />

no espaço público do trabalho assalariado. Esses eventos, aliados à expansão<br />

do capitalismo e às lutas feministas por igualdade e por direito à educação,<br />

ao trabalho, à participação política, rompem com os papéis idealizados<br />

<strong>para</strong> a mulher no modelo de família nuclear burguesa, mas não <strong>con</strong>seguem<br />

romper com sua função quase exclusiva no cuidado das crianças, trazendo<br />

<strong>para</strong> a vida das mulheres a chamada dupla jornada de trabalho – nos espaços<br />

públicos da produção e na família.

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