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para sus propios hijos con amores compartidos

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Ângela Soligo, Fernanda de Lourdes<br />

na vida familiar. O surgimento da afetividade como <strong>con</strong>hecemos hoje entre<br />

pais e filhos está associado ao desenvolvimento do capitalismo e da Ciência.<br />

(Saraceno & Naldini, 2003; Sarti, 1996; Shorter, 1975; Singly, 2007).<br />

Em primeiro lugar, a mentalidade individualista orientada <strong>para</strong> a<br />

satisfação dos desejos subjetivos que surge com a e<strong>con</strong>omia de mercado<br />

traz uma afetividade que, junto com a privatização da vida familiar, modela<br />

o sentimento de felicidade pessoal, <strong>con</strong>stituindo o individualismo afetivo.<br />

Com as descobertas da Ciência, a mortalidade infantil diminui e as famílias<br />

passam a estabelecer outra relação com as crianças. O movimento higienista<br />

vê as mulheres como aliadas no combate à mortalidade infantil, pregando<br />

normas de como elas deveriam cuidar de seus filhos e o lar passa a ser o<br />

lugar prioritário <strong>para</strong> os membros da família, lugar onde os homens devem<br />

estar <strong>para</strong> suprir as necessidades afetivas dos membros familiares, e não<br />

mais nas tabernas. (Saraceno & Naldini, 2003; Sarti, 1996; Shorter, 1975;<br />

Singly, 2007).<br />

A ideologia do amor materno, como definida por Badinter (1985)<br />

forjou a ideia de um amor natural, in<strong>con</strong>dicional, exclusivo e protetor, que<br />

seria dispensado pelas mães à sua prole. As mães passam a ser vistas como<br />

repositórios de afeto e responsáveis exclusivas pela sobrevivência, felicidade,<br />

bem-estar e higiene dos filhos, aquelas que deveriam garantir todos os<br />

recursos internos, no âmbito da casa, <strong>para</strong> a sobrevivência de seus filhos.<br />

Para Shorter (1975), no trajeto da modernização, as famílias foram<br />

isolando-se da comunidade circundante; a privacidade e intimidade<br />

tornam-se aspectos comuns e os membros da família tecem em redor de<br />

si a “domesticidade”. A unidade emocional, <strong>con</strong>stituída pela privacidade e<br />

isolamento da família foi um dos elementos que trouxe o sentimento à tona<br />

na modernidade: “Os membros da família passaram a sentir muito mais<br />

solidariedade uns com outros...” (Shorter, 1975, p. 244). Nas palavras de<br />

Sennett (1993), a família <strong>con</strong>stitui-se como um escudo, um refúgio <strong>con</strong>tra<br />

os terrores da sociedade, passando a ser cada vez mais um refúgio idealizado,<br />

um mundo exclusivo, com um valor moral mais elevado do que o<br />

domínio público.<br />

Shorter (1975) explica que a lógica do mercado exige o individualismo,<br />

impactando a lógica do sujeito, alterando sua subjetividade. O sistema<br />

capitalista tem êxito quando cada participante procura o seu interesse<br />

pessoal e interioriza o individualismo, que passa a abranger outros aspectos<br />

da vida do indivíduo, fazendo emergir o individualismo afetivo. Surge nas<br />

relações entre homens e mulheres “o desejo de ser livre”, que emerge sob<br />

a forma do amor romântico e da busca pela felicidade; assim, não é mais o<br />

interesse da comunidade que leva ao casamento, mas o bem-estar pessoal.<br />

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