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josé da silva carvalho - DSpace CEU

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a nossa legislaçao antiga (que é ideutica ás disposiçoes lioje vigentes em todos<br />

os Estados <strong>da</strong> Europa e <strong>da</strong> America).»<br />

Nao fizeram assim justiça ás reformas de Silva Carvalho grande numero dos<br />

seus contemporáneos. A violencia dos ataques contra o governo recrudesceu em<br />

fins de 1833. A representaçao de 20 de novembro, firma<strong>da</strong> pelo duque de Palmella<br />

1<br />

, as queixas dirigi<strong>da</strong>s a D. Pedro ñas cartas do conde <strong>da</strong> Taipa, de<br />

D. Francisco de Almei<strong>da</strong> e de Sebastiáo Xavier Botelho, o protesto dos pares,<br />

contra a prisáo do conde <strong>da</strong> Taipa 2<br />

, muito especialmente a agitacáo dos demagogos,<br />

por causa <strong>da</strong> suppressáo <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de imprensa e <strong>da</strong> constituicáo <strong>da</strong>s<br />

commissoes municipaes provisorias — medi<strong>da</strong>s alias necessarias, naquella epocha,<br />

á ordem e uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> accáo goveruativa—e finalmente a intriga de camarilha<br />

movi<strong>da</strong> por D. Leonor <strong>da</strong> Cámara, a quem D. Pedro se decidiu por fim a expulsar<br />

do Paco, — tudo isto formava uma opposicáo táo forte, que o ministerio, se o<br />

prestigio e a firmeza do Regente o nao tivessem escu<strong>da</strong>do, tcria vindo a térra.<br />

Estes tremendos embates, esta lucta incessante, sustenta<strong>da</strong> contra a violencia<br />

<strong>da</strong>s mais exalta<strong>da</strong>s paixoes, eram para quebrar um coracáo mesmo vigoroso;<br />

porém, de tal tempera o tinha Silva Carvalho que nem o bom humor perdía,<br />

em meio <strong>da</strong>s mais terriveis refregas. Lembremo-nos d'aquellas palavras que Abreu<br />

e Lima lhe escreveu de Londres, quando Carvalho, á testa <strong>da</strong> administracáo de<br />

um cerco, em que ao flagello <strong>da</strong> guerra se tinham juntado os horrores <strong>da</strong> peste<br />

e <strong>da</strong> fome, ousava ain<strong>da</strong> gracejar: «gabo-lhe e invejo-lhe o bom humor e a faca<br />

dos fios raivosos, que lhe desejo sempre com bom gume por muitos annos 3<br />

». Se<br />

o coracáo era de boa tempera, o espirito era egualmente forte. A coragem e<br />

activi<strong>da</strong>de que desenvolveu durante todo o tempo <strong>da</strong> sua administracáo foram<br />

unánimemente admira<strong>da</strong>s por amigos e inimigos. Com os dois mais importantes<br />

ministerios a seu cargo, ouvido em quasi todos os negocios <strong>da</strong>s outras repartieres,<br />

tendo de attender o Regente que para tudo o consultava, conseguía, ain<strong>da</strong><br />

assim, vigiar as minucias <strong>da</strong> administracáo, e na presidencia <strong>da</strong> Junta dos Juros<br />

dos Reaes Emprestimos, ou á testa do Tribunal do Thesouro, dirigía os trabalhos<br />

d'estas repartiçoes, e fomentava o desenvolvimento do crédito publico, que<br />

chegou a elevar á altura do <strong>da</strong>s naçoes mais ricas.<br />

Algumas reformas radicaes havia ain<strong>da</strong> a realisar; mas o governo, a bracos<br />

com a guerra civil e com a incessante opposicáo que lhe moviam as diversas<br />

faecóes em que se dividía o partido constitucional, adiou-as para o momento em<br />

que, tendo já certa a victoria, se lhe tornasse mais fácil, — pelo prestigio que<br />

lhe adviria nessa occasiáo única, — firmar as arroja<strong>da</strong>s leis que seriam como que<br />

o fecho <strong>da</strong> abobo<strong>da</strong> monumental, levanta<strong>da</strong> por Mousinho <strong>da</strong> Silveira sobre as<br />

ruinas do antigo régimen.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, mesmo antes d'essa epocha, destaca-se brilhantemente a maneira<br />

por que Silva Carvalho coadjuvou o ministro dos negocios estrangeiros, na resistencia<br />

ás pretençoes do governo inglez 4<br />

, e animou o Regente a conservar-se<br />

1<br />

Despachos, tomo iv, pag. 869.<br />

2<br />

Napier, Guerra <strong>da</strong> successáo, tomo n, cap. m, pag. 74 e seg. Vide Sorianoj<br />

Guerra civil, 3.* epocha, tomo v, pag. 513.<br />

» Vol. i, pag. 373.<br />

* Pag. 15.

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