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josé da silva carvalho - DSpace CEU

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teressados, mas sisudos e desintercssados com juizo, com sabedoria e amor do<br />

trabalho, que é justamente o que nos tem faltado na cámara...»<br />

O carácter de Rodrigo <strong>da</strong> Fonseca, homem sem enthusiasmos, espirito feito<br />

só de intelligencia e ironía, veiu juntar-se ao estado dos costumes e á incapaci<strong>da</strong>de<br />

do poder moderador, para mais depressa reduzir a urna oligarchia de ambiciosos,<br />

sem religiáo e sem ideal, a politica portugueza, que <strong>da</strong> dictadura jurídica de<br />

D. Pedro tinha passado para a anarchia, por culpa dos pronunciamentos militares<br />

e <strong>da</strong>s sediçoes dos demagogos, e que na anarchia se demorara por estes motivos<br />

e tambem por causa do governo arbitrario e despótico <strong>da</strong> Costa Cabral.<br />

Os planos de 1834 ain<strong>da</strong> até hoje nao foram postos em pratica senáo na parte<br />

dos melhoramentos materiaes, e isso mesmo sem regra, sem uni<strong>da</strong>de e sem patriotismo.<br />

Falta a parte mais importante — a do espirito: falta organisar o ensino<br />

scientifico e promover a educacáo nacional: falta augmentar a independencia, o<br />

bem estar e a importancia <strong>da</strong>s classes industriosas. Esta era a intencáo de Silva<br />

Carvalho: o seu systema tendía a conseguir o equilibrio entre as forças <strong>da</strong> intelligencia,<br />

do trabalho e do capital: pelo contrario, o grande mal de hoje é precisamente<br />

o desiquilibrio por um excesso de capitalismo.<br />

Aquelle ideal pretendía o celebre estadista chegar pela ccntralisaçao do<br />

poder executivo e pela força e prestigio do poder moderador: «Os setembristas<br />

(ponderava elle em 1844) querem derramar o poder por meio de eleiçoes para a<br />

auctori<strong>da</strong>de governativa, querem urna monarchia republicana. Nos nao. Queremos<br />

urna monarchia representativa, c que o Rei tenha mais influencia na nomeacáo<br />

<strong>da</strong>s auctori<strong>da</strong>des. Mas elles querem liber<strong>da</strong>de, e os cabralistas absolutismo. Vejam<br />

que to<strong>da</strong>s as formulas <strong>da</strong>o d'ieso prova».<br />

Quando em novembro de 1835 cahiu pela segun<strong>da</strong> vez do ministerio, Carvalho<br />

escrevera no seu Memorando: «Como empregado publico, tratarei dos meus<br />

deveres, e limitar-me-hei a vigiar, do fundo do meu gabinete, se a causa por que<br />

me sacrifiquei e por que tanto sangue se tem derramado se perde ou se salva»;<br />

cntrou depois no ministerio de abril de 1836, «bem contra sua vontade»; mas em<br />

setembro, considerou perdidos os seus planos. Nao os julgará resuscitados, mais<br />

tarde, pela Rcgeneracáo. Nao adheriu a este movimento, por falta de confiança<br />

nos homens, e porque nao viu desde logo, como quereria ver, urna declaraçao de<br />

principios e um programma. «A revolucáo de setembro matou-nos», annotou elle,<br />

á margem de um livro, pouco depois d'este deploravel acontecimento.<br />

Fatal revolucáo ! feita de ambiçoes e de chimeras ! Assassina Agostinho José<br />

Freiré, cobre Silva Carvalho de calumnias, guerreia implacavelmente o seu<br />

systema, de que nao ha mal que nao diga, e em segui<strong>da</strong> — eleva á presidencia<br />

do congresso constituinte Dias de Oliveira, outrora espiáo do ministro assassinado,<br />

— entrega a pasta <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> a Sá <strong>da</strong> Bandeira, que immediatamente<br />

escreve a Silva Carvalho, pedindo-lhe que lhe ensine o que ha de fazer, porque<br />

«nunca na sua vi<strong>da</strong> dirigirá a attencáo para os negocios financeiros 1<br />

»,—e, o<br />

que é mais, o chefe do partido vencedor, aquelle que foi a alma do movimento<br />

— Passos Manuel — vae a bordo do Iberia (prestes a partir com o illustre emigrado),<br />

lança-se ao pescoço do ministro que mais aecusado fóra pelos fautores<br />

<strong>da</strong> revolta, e, abracado a elle, pede-lhe, a chorar, que nao emigre e que adhira á<br />

revolucáo: «Carvalho ! Prometto-te urna ovacáo nacional!»<br />

1<br />

Carta de 17 de outubro de 1836, nesta seccáo de documentos.

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