15.04.2013 Views

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

attribuiçao <strong>da</strong>s cortes, com a sancç&o do reí, segundo a Carta Consti­<br />

tucional <strong>da</strong> Monarchia, que o mesmo governo em seus actos officiaes<br />

reconhece como lei vigente.<br />

É, portanto, evidente que por este decreto o governo usurpa um<br />

poder que lhe nao pertence. Mas tambem ó manifestó que legalmente<br />

nao se pode exigir obediencia ao mesmo decreto, porque a Carta Con­<br />

stitucional expressamente diz que «nenhum ci<strong>da</strong>dSo pode ser obrigado<br />

a fazer ou deixar de fazer alguma cousa senao em virtude <strong>da</strong> lei».<br />

Tendo eu a honra de ser membro do poder legislativo, acho do meu<br />

dever protestar contra o dito decreto, o que faço, dirigindo-me a v. ex. a<br />

como presidente do conselho de ministros: Protesto contra este acto<br />

do governo pelos motivos seguintes: 1.°, por ser urna usurpaçSo dos<br />

direitos do poder legislativo: 2.°, por ser um ataque á independencia<br />

do poder judicial: 3.°, por ser um ataque aos direitos concedidos pela<br />

Carta aos ci<strong>da</strong>düos de sómente poderem ser julgados nos tribunaes<br />

constituidos na conformi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s leis e nao por commissSes, a que<br />

seriam equivalentes tribunaes constituidos segundo o capricho dos<br />

ministros, como pelo decreto se pretende: 4.°, por ser um ataque a<br />

urna garantía concedi<strong>da</strong> por lei aos officiaes do exercito e <strong>da</strong> arma<strong>da</strong>,<br />

em retribuido pelos serviços que fizeram contra D. Miguel: 5.°, por<br />

ser um ataque aos direitos que a lei tem concedido aos professores:<br />

6.°, e finalmente, porque o governo pelo seu decreto, aniquilando a<br />

Carta Constitucional, colloca a naç&o em urna situaçao semelhante<br />

aquella a que a levou em 1828 a destruiç&o <strong>da</strong> mesma lei fun<strong>da</strong>­<br />

mental, e colloca-se a si mesmo em urna via em que nao pode prose­<br />

guir senáo com o auxilio de successivas e interminaveis violencias.<br />

Cumprindo eu com a penosa necessi<strong>da</strong>de de enviar a v. ex. a<br />

este<br />

meu protesto, nao posso deixar de lamentar que v. ex. a<br />

, que táo<br />

subi<strong>da</strong> gloria adquiriu para que Sua Magestade a Rainha recuperasse<br />

o throno usurpado e para que a nacáo portugueza gosasse <strong>da</strong>s insti-<br />

tuiçoes liberaes <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo grande Principe que, como v. ex. a<br />

sabe,<br />

nunca, mesmo no meio dos maiores apuros do sitio do Porto, separou<br />

a Causa de Sua Augusta Filha <strong>da</strong> Causa <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de nacional, nao<br />

posso deixar de lamentar, repito, que v. ex. a<br />

esteja agora cooperando<br />

para o restabelecimento do poder absoluto.<br />

Deus Guarde a v. ex. a<br />

Lisboa, 9 de agosto de 1844.—Ill. m0<br />

eex<br />

sr. duque <strong>da</strong> Terceira, par do reino, presidente do conselho de minis­<br />

tros = Visconde de Sá <strong>da</strong> Bandeira, par do reino.<br />

m 0

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!