josé da silva carvalho - DSpace CEU

ir,
ab8tido até agora de replicar-lhe, para nao augmentar a justa irritacáo que ellas
téem causado ao governo de S. M.; mas nao ficará sem resposta em seu devido
tempo». No fim do despacho lé-se: «Nao faltou lord Howard a exigil-a (urna
resposía relativa á prisao de um marivheiro inglez) juntamente com a do carvao de
pedra, empregando tambem a este respeito ameaças e expressoes, como v. s.* verá
da nota respectiva, e a que por motivos de prudencia tambem deixei de responder».
Mallogra-se a conciliaçao proposta por lord Howard. Freiré officia para
Londres, a 5 de abril: «Em additamento á correspondencia que remetti a v. s.*
pelo ultimo paquete, com o meu despacho n.° 28, relativamente á nova mediacáo
intentada por lord Howard, tenho a dizer a v. s.* que lord Howard, depois de
receber os artigos das concessoes que lhe enviei com a minha nota de 26 de
marco, partiu para o Cartaxo em companhia do almirante Parker e demr. Grant.
Pelas copias inclusas do conde de S. Lourenço, datadas de 26 de marco, notará
v. s.» que lord Howard já tinha começado a dispor a sua correspondencia particular
com o conde, desde o dia 21, e que depois a continuou oflicialmente, porém sem
mais effeito do que era de esperar do carácter obstinado do Principe e da má
vergonha e má consciencia, a que chamam honra os chefes da sua faecáo; ainda
que desde o principio, em que lord Howard começou a querer tentar esta nova
mediaçSo, eu lhe disse que era um esforço inútil e até por isso de alguma forma
desairoso, nao só para nos mas tambem para elle lord Howard, intental-o osten-
8Ívamente sem estar bem certo de conseguir o fim proposto, confesso que nao
deixei de sentir, com S. M. I. e com todo o seu ministerio, ver decididamente que
só a força e o derramamento de sangue é que ha de por o desejado termo á guerra
civil, sem se dever mais cogitar de outras amnistias nem offerecimentos de
concessao, senáo aquelles que, depois da victoria, S. M. I. e o governo de S. M. Fconceder
aos submissos, pelos effeitos da sua generosidade e innata clemencia.
«Lord Howard, nao querendo deixar de assistir ao beija-mao do dia 4 d'este
mez, natalicio de S. M. F., partiu no dia 3 para Lisboa e aqui recebeu a ultima
resposta do conde de S. Lourenço, que remetto inclusa, datada do mesmo dia.
«Fará tambem v. s.* d'estes documentos o uso conveniente.
«Pelo que respeita aos artigos indecorosos e impertinentes que lord Howard
me dirigiu ñas datas de 21 e 27 de marco ultimo, contendo reflexoes e invectivas
contra o governo de S. M., ainda lhe nao respondi-, e, suppoudo que elle estará já
com menos fogo e sciente do seu erro, tenciono por ora advertir-lhe, de palavra,
que, se tornar a introduzir nos seus officios reflexoes ou expressoes oflensivas ao
governo de S. M. F., ver-me-hei na necessidade de lhe nao responder ou de lh'os
recambiar.»
O que mais indignou Freiré foi propor-lhe Howard que, no caso de se
offerecer opportunidade para a reconciliaçao dos partidos belligerantes, as condiçoes
fossem deixadas ao arbitrio da Inglaterra, Franca e Suecia.
As exigencias de lord Howard respondeu, pois, o governo portuguez com a
exautoracáo do infante D. Miguel e com a extincçao da Casa do Infantado. Tanta
energía irritava mais e mais o ministro inglez; mas tinha, em compensacáo, a
vantagem de provar o alto carácter de independencia e de patriotismo do governo,
desarmando os falsos boatos de que os ministros iam ceder, em tudo, á inimiga diplomacia
e até mesmo annuir ao casamento da Kainha com o infante D. Miguel!
A violenta opposiçao de lord Howard, juntava-se a sua intimidade com o
partido aristocrático, para avivar no espirito dos ministros antigás desconfianças
e suspeitas, em parte fundadas. E Napier quem affirma que os duques de Palmella
e da Terceira eram de opiniao que o ministro inglez poderia, no quartel