josé da silva carvalho - DSpace CEU

SENHORA.—No estado de agitaçao era que se acha o reino^ devido
ás consequencias de urna guerra civil que, destruindo nossás insti-
tuiçoes politicas, raudou o systema de administracáo, alterou consi-
deravelmente a administracáo da justiça civil e criminal, com grave
prejuizo do Bem publico, assim como ao choque dos partidos agora
grandemente exaltados pelos acontecimentos em Hespanha, nao podem
os ministros de Vossa Magestade, amigos da ordem e fiéis observa­
dores da Carta, achar o devido apoio para a conservarem intacta e
dar á administracáo, nos differentes ramos, aquelle andamento neces­
sario para alcançar seus uteis resultados, senao na força armada
que em caso extremo seja necessario empregar para manter a ordem
publica. Todavia o mau espirito politico que ataca as outras classes
tem penetrado no exercito e concorrido para a indisciplina que geral-
mente se manifesta em todo elle pelos repetidos actos de desobediencia,
e até de insubordinaçao, que diariamente augmenta pela impunidade
dos seus auctores e frouxidao dos commandantes e auctoridades mili­
tares, com rarissimas excepçSes.
E de justiça confessar que a composicíío actual dos corpos concorre
muito para a falta de disciplina em que se acha o exercito.
(Sem effeito este preámbulo. = Carvalho.)
SENHORA.—No estado de agitaçao em que se acha o reino, em
consequencia de urna prolongada guerra civil e de se nao acharem
completamente estabelecidos por leis adequadas os diversos ramos
da administracáo publica, bem como em resultado da exaltaçao dos
partidos e da continuaçao da guerra no reino vizinho, nao podem os
ministros de Vossa Magestade contar, em um caso extremo, com o
apoio necessario da força publica para reprimir os perturbadores da
boa ordem e manter intacta a Carta Constitucional da monarchia,
principalmente porque o mau espirito politico tem penetrado no exer­
cito, em razao da falta de disciplina que em todo elle se manifesta;
sendo de justiça confessar que para isso essencialmente contribue a
composiçao actual dos corpos, alguns dos quaes nem o serviço diario
podem fazer por falta de gente.
Nestas circumstancias, julgam os ministros de Vossa Magestade
do seu rigoroso dever propor a Vossa Magestade as seguintes medidas,
como indispensaveis para criar a força necessaria que deve manter
a boa ordem publica.
Tomando o exercito no estado em que se acha, convem fazer
urna organisacáo interina, de modo que, sem alterar a composicáo
dos regimentos, se formem corpos provisorios dos batalhoes que se
acham em Lisboa ou para aqui vierem, em campanha, e outros