15.04.2013 Views

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DOC. CDLXXII<br />

Copia do protesto dos juizes do Supremo Tribunal de Juslira<br />

contra a lei do i.° de agosto de 1844<br />

SENHORA.—O Presidente e Conselheiros do Supremo Tribunal de<br />

Justiça faltariam á religiao do juramento prestado quando tomaram<br />

posse de seus cargos, e ao respeito que professam i Augusta Pessoa<br />

de V. M., se nesta occasiao deixassem de levar á Sua Real Presença<br />

as consideraçoes que em seu animo despertou o Decreto do 1.° do<br />

corrente mez, publicado no Diario n.° 187.<br />

Esta resoluçao, que o Supremo Tribunal de Justiça hoje considera<br />

rigoroso dever seu, foi, ain<strong>da</strong> no tempo em que o Corpo judicial era<br />

constituido segundo outra forma de governo, toma<strong>da</strong> muitas vezes em<br />

assumptos graves por tribunaes e juizes portuguezes: e os Augustos<br />

Predecessores de V. M. louvaram taes procedimentos, e os tiveram<br />

como prova de zélo pelo serviço publico e respeito pelo Throno. E por<br />

isso o Supremo Tribunal de Justiça, com a mais bem fun<strong>da</strong><strong>da</strong> confiança,<br />

espera que V. M. Se Dignará de tomar o desempenho d'este<br />

dever por urna prova nao equivoca de interesse pela conservacáo <strong>da</strong><br />

Ordem publica e pela estabili<strong>da</strong>de do Throno de V. M.<br />

Considerando, pois, o Decreto do 1.° do corrente mez na sua<br />

origem, disposiçoes e consequencias, o Supremo Tribunal de Justiça<br />

entende que a execucáo do mesmo Decreto, alem de estabelecer um<br />

precedente incompativel com a Lei Fun<strong>da</strong>mental do Estado, aniquila<br />

o Poder Judicial, de maneira que os direitos dos ci<strong>da</strong><strong>da</strong>os, perdendo<br />

o abrigo que este Poder deve prestar-lhes, ficarao fluctuando á<br />

discreçao do arbitrio do Poder Executivo. A Carta Constitucional,<br />

dividindo os Poderes Políticos do Estado e prescrevendo os seus limites,<br />

distribuiu a ca<strong>da</strong> um d'elles attribuiçoes que nao podem ser accumula<strong>da</strong>s<br />

por algum dos outros, sem destruir «o principio conservador<br />

dos direitos dos Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>os e o mais seguro meio de fazer effectivas as<br />

garantías que a Constituiçao offerece». Este principio repousa essencialmente<br />

sobre aquella divisáo, segundo o artigo 10.° <strong>da</strong> mesma<br />

Carta. Consequente com esta disposiçSo, attribuiu a Carta, no § 6.°<br />

do artigo 15.°, ás Cortes com a Sancçao Real o direito de «fazer leis,<br />

interpretabas, suspendel-as e revogal-as», e, mais cautelosa ain<strong>da</strong>,<br />

determinou que o mesmo Poder Legislativo só possa alterar o que diz<br />

respeito aos limites e attribuiçoes de ca<strong>da</strong> um dos Poderes Políticos<br />

do Estado, pelo modo estabelecido no artigo 140.° e seguintes; d'onde<br />

resulta que nao pode haver lei sem que provenha d'aquella origem,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!