josé da silva carvalho - DSpace CEU

mais em bateis do que em navios, e me encarreguei da empresa nao
menos aventureira sobre a ilha de S. Miguel.
Foi finalmente, quando o exercito cercado no Porto só podia es­
perar mudança de fortuna por urna diversao atrevida, que me encar­
reguei da pequeña expediç&o que desembarcou no Algarve, e á qual
veiu unir-se o exercito em Lisboa. Em todas estas crises, se me
apresentava a necessidade absoluta de incorrer urna grande respon-
sabilidade para o bem do meu paiz; apresentavam-se grandes diffi-
culdades e riscos, mas, se elles fossem vencidos, antevia eu grandes
resultados, e por isso julguei do meu dever acceitar, como acceitei,
o mando nestas diversas occasiSes, e o acceitaria ainda hoje se se me
apresentassem occasioes idénticas.
Nao acontece, porém, assim; e o commando das forças existentes
no Porto está a meu ver próvido de maneira táo conveniente, que eu
nao imagino que se possa fazer com aquella força nada mais do que
aquillo que ella está hoje fazendo: isto é, cobrir o Porto de qualquer
insulto, e obrigar o inimigo a entre ter urna força para a con ter em
respeito.
Com effeito, para operar urna diversao efficaz no flanco ou recta-
guarda do inimigo existente em Santarem, é necessario poder dispor
de urna columna assaz forte para que possa approximar-se sem receio
ao inimigo, alongando-se inteiramente da base de operaçSes, e, em
caso de ser atacada, poder manobrar com alguma segurança para se
approximar de novo da mesina base. Para isto, sio necessarios pelo
menos 4:000 homens, e bom corpo de cavallaria, e alguma artilheria;
é necessario alem d'isto que a base de operaçSes fique segura quando
a força operante se alongar d'ella, e que conserve com aquella cidade
urna livre communicaçao. Ora nao existindo no Porto actualmente
mais de 2:310 homens de linha e muito poucos cavallos, tendo o
inimigo seis a sete mil homens, parte no norte e parte ao sul do Douro,
como ó possivel com taes meios e em taes circumstancias sahir da
defensiva? Se se marchar com a pequeña força de linha, para o sul,
o inimigo retirar-se-ha para o Vouga, e a sua resistencia naquelle ponto
será coadj uvada por um ataque sobre o Porto pela força existente ao
norte, contra a qual os voluntarios, privados da linha, nao assegurarXo,
a meu ver, a cidade. Se se avançar para o norte, o inimigo, a sentir-se
fraco, abandonará successivamente o terreno, mas a segurança do
Porto e manutençao de communicaçao com elle, atravez da provincia
a mais mal disposta, pora um termo breve ao proseguimento e obri-
gará a retrogradar sobre a cidade: nao servindo estas incursSes,
' sem seguimento, sen&o de devastar o paiz e de cancar e estragar os
soldados. Estas e outras militas consideraçoes me convencem de que