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Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do

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fazen<strong>do</strong>-se responsável pela continuidade e honra <strong>do</strong> nome<br />

da linhagem. Neste quadro, as relações pais-filhos, onde a obediência<br />

é a virtude máxima, se apresentam sob forma de uma<br />

quase devoção. O pai deve impor-se aos demais, sem despotismo<br />

mas com segurança, crian<strong>do</strong> uma aceitação inequívoca<br />

e respeitosa. O caráter destas relações foi muito bem-descrito<br />

por Ruth Benedict em The Chrysanthemum and the Sword,<br />

onde percebemos que não se pode entender este relacionamento<br />

pensan<strong>do</strong> em termos de autoritarismo e submissão,<br />

porque não se trata de uma vontade individual que pode anular<br />

as outras, mas de um entendimento grupai executa<strong>do</strong> pelo<br />

chefe. Este é apenas o responsável pela continuidade da família,<br />

aquele que recebeu o encargo de dirigi-la para que se preserve<br />

no futuro a memória <strong>do</strong>s antepassa<strong>do</strong>s. Toda a vida familiar<br />

está baseada nisto. "Nem a ocupação, nem as propriedades,<br />

nem a casa, nem as tradições ou os ancestrais pertencem<br />

ao indivíduo, mas sim à família como um to<strong>do</strong>" (Doré,<br />

1958, p. 99 - 100). E por esta razão o pai (ou aquele que recebeu<br />

a sua função) não impõe seu desejo, mas simplesmente<br />

decide o que é melhor, contan<strong>do</strong> com a aprovação de sua<br />

conduta porque não se justificaria qualquer rebeldia, uma vez<br />

que toda a responsabilidade é tacitamente compartida e que<br />

nenhuma atitude individual pode existir. "Porém se o chefe de<br />

família não está cumprin<strong>do</strong> o seu papel, isto é, não está<br />

promoven<strong>do</strong> o bem-estar <strong>do</strong> grupo, ele pode e deve ser substituí<strong>do</strong><br />

e para isto existe até mesmo amparo legal" (Doré, 1958,<br />

p. 102 - 103 e especialmente nota 87), justamente porque a<br />

chefia independe da paternidade.<br />

Um exemplo <strong>do</strong>s limites da autoridade paterna já tivemos<br />

quan<strong>do</strong> descrevemos a escolha de um filho a<strong>do</strong>tivo que deve<br />

tornar-se mari<strong>do</strong> da filha <strong>do</strong> a<strong>do</strong>tante, porém, se ela não aceitar,<br />

escolhe-se outra noiva. O casamento é sempre um arranjo<br />

entre famílias, mas aos noivos se dá a oportunidade, depois<br />

de um rápi<strong>do</strong> encontro que é parte das negociações, de não<br />

aceitarem. Se isto ocorrer, outros arranjos serão tenta<strong>do</strong>s. Os<br />

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