Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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ascensão social que se justifica, para o migrante, por um desejo<br />
de maior escolarização para a geração mais jovem. Este<br />
objetivo corresponde a uma percepção de que as oportunidades<br />
de ascensão na estrutura ocupacional são distintas para<br />
imigrantes e para descendentes. Efetivamente, se os nissei têm<br />
maior grau de escolaridade e profissões mais prestigiadas, uma<br />
maior proporção de isseitrabalha por conta própria em pequenos<br />
negócios, como mostramos no Capítulo II.<br />
Passamos, então, a um outro tipo de análise buscan<strong>do</strong><br />
nas diferenças culturais peculiares destes imigrantes a explicação<br />
de seu êxito no plano econômico e as bases de sua<br />
integração sociocultural.<br />
Como já vimos, os imigrantes chegaram ao Brasil reuni<strong>do</strong>s<br />
em famílias, isto é, em grupos que trabalhariam conjuntamente.<br />
Esta situação não lhes era estranha, da<strong>do</strong> que, no<br />
Japão, o grupo <strong>do</strong>méstico se define primordialmente como<br />
uma unidade cooperativa, articulada pelo parentesco. Nas<br />
condições de trabalho agrícola, no Brasil, a família se manteve<br />
como uma unidade de produção e consumo e os padrões<br />
tradicionais de relacionamento puderam ser retoma<strong>do</strong>s<br />
para organizar a cooperação. Não se trata, porém, da<br />
simples manutenção <strong>do</strong> sistema familial japonês, mesmo<br />
porque este sistema se realiza diferentemente, em distintas<br />
regiões ou épocas, no Japão. Entretanto ele pode ser reduzi<strong>do</strong><br />
a um modelo geral que, como uma linguagem, se manifesta<br />
em variantes diversas. Os japoneses utilizaram sua cultura<br />
tradicional como um instrumento flexível, com que enfrentaram<br />
suas novas condições de vida, realizan<strong>do</strong> a "experiência"<br />
de um novo ajustamento. Procuramos reencontrar<br />
esta experiência no Capítulo III deste trabalho.<br />
Este mo<strong>do</strong> de ver a mudança cultural dirige, quase naturalmente,<br />
nossa atenção para as situações semelhantes em<br />
que estiveram envolvi<strong>do</strong>s japoneses emigra<strong>do</strong>s. Dedicamos,<br />
então, o último capítulo a uma análise comparativa das minorias<br />
japonesas nos EUA, Havaí e Canadá. Nosso objetivo<br />
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