Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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enfrentar o trabalho da roça, recebiam incumbências menos<br />
pesadas que permitiam, entretanto, liberar a <strong>do</strong>na de casa para<br />
o trabalho assalaria<strong>do</strong>. Há uma divisão de trabalho dentro <strong>do</strong><br />
grupo para que um maior número de pessoas possa ser aproveita<strong>do</strong><br />
de acor<strong>do</strong> com suas aptidões.<br />
Como conseqüência direta desta situação de isolamento e<br />
necessidade de alta produtividade, os padrões de dependência<br />
dentro da família, ancora<strong>do</strong>s na tradição, se reforçam e ela se<br />
fecha sobre si mesma, num esforço para manter vivos os<br />
objetivos que originaram a imigração. Libertar-se <strong>do</strong> patrão,<br />
ou <strong>do</strong> fiscal, mais visível que o proprietário da fazenda, era o<br />
desejo de to<strong>do</strong>s, que tu<strong>do</strong> aceitavam para estabelecer-se como<br />
sitiantes garantin<strong>do</strong> maior independência e maiores vinculações<br />
com seus compatriotas.<br />
Para isto os gastos da família se resumem em uma alimentação<br />
às vezes precária e vestuário indispensável, sem ultrapassar<br />
um padrão realmente de subsistência mínima. O controle<br />
<strong>do</strong> orçamento é sempre feito pelo chefe de família que<br />
recebe o rendimento total <strong>do</strong> trabalho de to<strong>do</strong>s e o administra<br />
como algo coletivo. Para o japonês a família, como já vimos,<br />
é pensada como uma coletividade de trabalho e não como<br />
uma soma de trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Claro está que esta centralização de decisões pode ser observada<br />
entre outros imigrantes ou mesmo no quadro <strong>do</strong>s padrões<br />
familiares tradicionais <strong>do</strong> sitiante brasileiro. Movi<strong>do</strong>s<br />
pelo desejo de ascensão, os imigrantes de várias origens utilizaram<br />
o trabalho de mo<strong>do</strong> cooperativo tanto nas tarefas <strong>do</strong>s<br />
cafezais quanto em atividades paralelas, de forma a garantir<br />
uma pequena acumulação e aban<strong>do</strong>nar o colonato. Depoimentos<br />
de imigrantes árabes, gregos etc, em diversos países, nos<br />
falam desta concentração de esforços, organizada sob a<br />
autoridade de um patriarca, que permitiu reunir um capital<br />
incipiente e enfrentar o início de um pequeno artesanato, comércio<br />
ou outro empreendimento qualquer.<br />
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