Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
eforça<strong>do</strong>s porque têm uma função cooperativa imediata. Vemos<br />
portanto que, no primeiro perío<strong>do</strong> de vida no Brasil, os<br />
imigrantes se despojaram de muitos aspectos de sua vida<br />
tradicional que não podiam ser manti<strong>do</strong>s nas condições de<br />
isolamento e pobreza que caracterizaram o perío<strong>do</strong> de<br />
colonato. E um perío<strong>do</strong> que se caracterizou pelo trabalho, e<br />
só por ele é lembra<strong>do</strong>. Nossos entrevista<strong>do</strong>s unanimemente<br />
confirmaram que to<strong>do</strong>s os membros váli<strong>do</strong>s da família trabalhavam<br />
duramente.<br />
Um único motivo liberta <strong>do</strong> trabalho duro <strong>do</strong> campo: a<br />
escola. Nas famílias grandes, os filhos menores eram poupa<strong>do</strong>s<br />
para que pudessem estudar, como aconteceu com a família<br />
<strong>do</strong> senhor K. O., que veio de Tóquio com os pais, quatro<br />
irmãs, um irmão e um primo. "Aqui to<strong>do</strong>s trabalhavam sem<br />
descanso em uma fazenda de café em São Simão; apenas os<br />
últimos filhos (o sr. K. O. e uma das irmãs) iam à escola."<br />
Uma outra família, a <strong>do</strong> senhor M. L, já agricultores no<br />
Japão, veio para cá deixan<strong>do</strong> em Kyoto o filho mais velho que<br />
tinha completa<strong>do</strong> o curso secundário e ficou trabalhan<strong>do</strong> em<br />
um escritório. Vieram os avós paternos de M. I., os pais, <strong>do</strong>is<br />
irmãos e duas irmãs. O entrevista<strong>do</strong>, último filho, tinha então<br />
três anos. Foram para Cafelândia como colonos e to<strong>do</strong>s<br />
trabalhavam, menos os <strong>do</strong>is irmãos caçulas.<br />
Um nissei, cujo pai veio para o Brasil em 1914, conta que,<br />
quan<strong>do</strong> nasceu, seu pai já possuía uma fazenda em Promissão<br />
e, "como era o único filho homem, se esforçaram muito para<br />
que estudasse. Dos 6 irmãos fui o único que não trabalhou na<br />
lavoura porque fazia primário e escola japonesa".<br />
Poderíamos multiplicar õs exemplos demonstran<strong>do</strong> que só<br />
o estu<strong>do</strong> liberava alguns filhos <strong>do</strong> trabalho. As famílias menores<br />
tiveram mais problemas por não poder dispensar ninguém<br />
das tarefas imediatamente remuneradas e distribuir mais adequadamente<br />
as tarefas <strong>do</strong>mésticas. Mesmo as crianças que<br />
estudavam tinham obrigações, quer dentro de casa, quer cuidan<strong>do</strong><br />
da criação ou da horta. Os velhos, quan<strong>do</strong> já não podiam<br />
117