Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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mos que a patrilinearidade é um mo<strong>do</strong> de indicar e prescrever<br />
a continuidade da família que é vista não só em termos de<br />
filiação mas também simbolizada nos bens, nome e ancestrais<br />
familiares. A descendência aparece, combinada a estes outros<br />
símbolos, como forma de representar o ie.<br />
A relação de filiação aparece à consciência <strong>do</strong>s grupos familiares<br />
como privilegiada para indicar a permanência da família,<br />
justamente porque reúne a consangüinidade e a filiação<br />
social, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que a continuidade <strong>do</strong> grupo é vista<br />
através de seus <strong>do</strong>is aspectos: a herança biológica e a herança<br />
social. Cada um deles é pensa<strong>do</strong> através de uma simbologia<br />
própria, porém complementar. Quan<strong>do</strong> a descendência<br />
patrilinear é tomada como critério de sucessão, propõe-se uma<br />
relação entre a herança biológica e a social, na medida em que<br />
estão prescritos critérios biológicos para papéis sociais. Ao<br />
nível da representação ideológica destas relações familiais deve<br />
ocorrer uma relativa superposição entre indica<strong>do</strong>res de<br />
descendência e indica<strong>do</strong>res de posições dentro <strong>do</strong> sistema<br />
familial. Entretanto, no Japão, uma relativa independência<br />
entre estas duas ordens é mantida, como demonstram os vários<br />
expedientes legais e tradicionais (a<strong>do</strong>ções e casamentos) que<br />
são usa<strong>do</strong>s justamente em nome da continuidade <strong>do</strong> grupo.<br />
Outros valores aparecem neste modelo de representação<br />
da família para que a continuidade social (permanência <strong>do</strong>s<br />
símbolos da família e seu papel econômico) tenha precedência<br />
sobre a biológica, como demonstram os autores anteriormente<br />
cita<strong>do</strong>s. A descendência não é nunca um critério definitivo,<br />
mas apenas sua combinação com outros requisitos sociais<br />
poderá definir alguém como apto para a sucessão, isto é,<br />
para a manutenção da família.<br />
Acreditamos pois que estamos diante de um modelo ideológico<br />
consciente, no qual a continuidade da família é percebida<br />
através de sua permanência como grupo social, e os critérios<br />
de descendência são usa<strong>do</strong>s com conotações sociais.<br />
Esta maneira de pensar a família é bastante distinta da tradi-<br />
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