Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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honke. Segun<strong>do</strong> o padrão ideal, cada núcleo conjugai deve ter<br />
sua residência e, por isso, quan<strong>do</strong> o filho mais velho assume a<br />
chefia <strong>do</strong> ie, seus pais devem retirar-se para uma outra casa<br />
construída nas terras da família que é chamada inkyo, deixan<strong>do</strong><br />
ao filho tanto as funções de chefia como a casa central. Os<br />
irmãos <strong>do</strong> sucessor também devem, se ainda não o fizeram,<br />
estabelecer seu próprio grupo <strong>do</strong>méstico. Como não há divisão<br />
da propriedade ou migram para as cidades em busca de melhores<br />
oportunidades, ou, seguin<strong>do</strong> o esquema tradicional de incorporação<br />
<strong>do</strong>s filhos não herdeiros, recebem como presente<br />
uma casa e talvez algum pedaço de terra e permanecem liga<strong>do</strong>s<br />
à casa central (honke), participan<strong>do</strong> como bunke da mesma unidade<br />
cooperativa e ritual.<br />
A descendência patrilinear permite reconhecer e selecionar<br />
as relações familiares prioritárias para compor a hierarquia<br />
interna de cada uma das residências e, entre elas, no conjunto<br />
<strong>do</strong> <strong>do</strong>zoku. Enfim, a patrilinearidade, grifan<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong><br />
de perpetuação das famílias, permite pensá-las como ie. O<br />
patriarca é o guardião da propriedade e das virtudes familiais<br />
e por isso os bens e o nome não pertencem a ele, mas ao grupo<br />
que representa.<br />
Dentro deste quadro, chama a atenção o fato desta sucessão<br />
patrilinear em linha masculina não ser uma exigência escrita,<br />
uma vez que o projeto das famílias é a continuidade de<br />
seu nome. Curiosamente, as freqüentes violações desta regra<br />
não são vistas como situações excepcionais, mas simplesmente<br />
como soluções previstas e aceitas. "O ideal pre<strong>do</strong>minante é<br />
de que o grupo <strong>do</strong>méstico e a linha de descendência devem<br />
continuar através de um número infinito de gerações. O ideal<br />
de que o filho mais velho seja o herdeiro e sucessor é secundário<br />
com relação a este primeiro valor mais abrangente. Se o<br />
filho mais velho sucedesse o pai e herdasse a propriedade<br />
familiar, isto seria, em alguns casos, prejudicial à prosperidade<br />
das pessoas envolvidas. Em tais situações, se a continuidade<br />
e prosperidade <strong>do</strong> grupo residencial e da família podem ser<br />
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