Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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A identificação étnica perde, entre os universitários, sua base<br />
cooperativa. Entretanto, isto não significa que ela desapareça<br />
totalmente. Entre muitos estudantes que não sabem japonês,<br />
notamos a intenção de aprender esta língua porque se sentem<br />
membros da comunidade étnica. Dizem, por exemplo, que é<br />
desagradável serem aborda<strong>do</strong>s na rua por um issei que lhes fala<br />
em japonês e eles, apesar da aparência que denuncia sua identidade,<br />
não poderem responder em sua língua.<br />
Poderíamos pensar em uma revivescência de tradições entre<br />
os que estão alcançan<strong>do</strong> níveis educacionais mais altos, mas<br />
não se trata disto, uma vez que, como demonstramos, estão<br />
orienta<strong>do</strong>s para uma integração no merca<strong>do</strong> de trabalho nacional<br />
que leva a uma transformação das relações tradicionais<br />
ainda em parte preservadas nas famílias.<br />
Esta dupla orientação aparece claramente nas entrevistas com<br />
estudantes universitários. A preservação da identificação étnica<br />
não se faz em termos de uma Colônia real mas pela valorização<br />
de certos padrões culturais que, refleti<strong>do</strong>s na família, permitiram<br />
a ascensão pela escolarização. A solidariedade étnica decorre<br />
da adesão a formas de cooperação familial que são japonesas e<br />
suportam a profissionalização. Estes ideais, numa família que se<br />
define como japonesa, é que obrigam à manutenção da representação<br />
da Colônia em termos de uma tradição cultural comum.<br />
Entre os estudantes existe a tendência de procurar círculos<br />
de convivência dentro de seu grupo e, ao mesmo tempo, a<br />
negação de qualquer especificidade ao nissei que se manifesta<br />
na participação em grupos estudantis sem qualquer diferença<br />
étnica. Porém, em seu conjunto, as perspectivas de realização<br />
profissional <strong>do</strong>minam o horizonte destes jovens que,<br />
tanto por desejarem mostrar a capacidade <strong>do</strong>s descendentes<br />
de japoneses quanto por acreditarem que, como indivíduos,<br />
devem participar da sociedade brasileira contribuin<strong>do</strong> com seu<br />
trabalho qualifica<strong>do</strong>. Têm a esperança de garantir para si um<br />
futuro de segurança econômica, realizan<strong>do</strong> assim as expectativas<br />
de seus pais.<br />
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