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Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do

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dicionalmente usavam e, deste mo<strong>do</strong>, as casas abrigavam demasia<strong>do</strong>s<br />

objetos para seu tamanho, sem que as mulheres pudessem<br />

conseguir alguma ordem. Trabalhan<strong>do</strong> na roça como<br />

os homens e responsáveis pelas tarefas <strong>do</strong>mésticas, as <strong>do</strong>nas<br />

de casa não puderam definir uma nova forma de ocupar a casa.<br />

Enquanto os brasileiros tratavam o chão de terra batida<br />

para que não houvesse poeira, arrumavam as camas, penduravam<br />

retratos ou estampas coloridas na parede, os japoneses<br />

não se ajustavam ao novo espaço da casa de pau-a-pique.<br />

Ainda segun<strong>do</strong> Handa, esta situação melhora quan<strong>do</strong> as<br />

famílias conseguem sair das fazendas de café para transformarem-se<br />

em sitiantes. Aí, apesar de estarem completamente<br />

absorvi<strong>do</strong>s pelo empenho em ganhar dinheiro, já se pode<br />

encontrar casas em que os mais velhos começam a cultivar<br />

um jardim de inspiração japonesa ou a plantar algumas<br />

verduras para preparar seus pratos típicos.<br />

"Depois de se tornarem independentes na lavoura, a prática<br />

<strong>do</strong> canto foi se intensifican<strong>do</strong> cada vez mais. Beber e cantar<br />

constituiam-se na melhor das diversões. Nas ocasiões de<br />

festas, dançava-se também. Só que não chegavam a ser danças<br />

coletivas, mas individuais, ainda que se baseassem no folclore<br />

japonês. Nas festas animadas com bebidas, preferia-se o<br />

shamissen (instrumento de cordas) ao shakuhachi(instrumento<br />

de sopro: flauta de bambu). Só que muito poucas mulheres<br />

sabiam tocá-lo, ou que, quan<strong>do</strong> alguma o soubesse não encontrava<br />

o instrumento, já que pouca gente o havia trazi<strong>do</strong>.<br />

"... Foi muito tempo (depois) de chegarem ao Brasil que<br />

os imigrantes japoneses começaram a tentar embelezar o interior<br />

da casa ou a usar roupas que correspondessem ao seu<br />

gosto" (Handa, 1968, p. 2).<br />

Este panorama, descrito com tanta sensibilidade por um<br />

velho imigrante, confirma nossa impressão de que o japonêscolono<br />

concentrou to<strong>do</strong> seu esforço na capitalização necessária<br />

para superar esta condição de trabalho, restringin<strong>do</strong> seus<br />

contatos quase que exclusivamente à família cujos laços são<br />

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