Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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Este mo<strong>do</strong> de pensar o parentesco permite, como já mostramos,<br />
uma grande flexibilidade de composição <strong>do</strong> grupo<br />
<strong>do</strong>méstico. Cada casa é uma unidade de cooperação com funções<br />
definidas no sistema econômico que tem permaneci<strong>do</strong><br />
mais ou menos constante em épocas e regiões diversas. Partin<strong>do</strong><br />
destes aspectos mais visíveis, muitas interpretações da<br />
sociedade japonesa definem a família apenas pelo ângulo da<br />
economia, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> as discussões muitas vezes estéreis<br />
<strong>do</strong>s antropólogos que se preocupam com o sistema de<br />
parentesco. Assim, definin<strong>do</strong> o termo descendência como uma<br />
relação apenas biológica, Nakane não encontra nele qualquer<br />
significa<strong>do</strong>. E óbvio que, em todas as sociedades, algum senti<strong>do</strong><br />
será atribuí<strong>do</strong> às relações de filiação e, para o Japão,<br />
parece-nos um pouco exagera<strong>do</strong> deixar de la<strong>do</strong> a existência<br />
de um princípio de sucessão basea<strong>do</strong> na patrilinearidade, uma<br />
vez que, mesmo em uma visão superficial, este princípio salta<br />
aos olhos tanto quanto a sua freqüente inoperância. Brown<br />
(1966, p. 1 135) nos apresenta três critérios que autorizam a<br />
participação no <strong>do</strong>zoku: subdivisão da casa principal, residência<br />
e descendência; e logo na página seguinte afirma: "E óbvio<br />
que, nos dias atuais em Nakayashiki, a descendência é<br />
um critério essencial para a plena participação no <strong>do</strong>zoku".<br />
Isto aparece como conclusão da apresentação de da<strong>do</strong>s históricos<br />
que indicam a possibilidade de que, no perío<strong>do</strong> pré-Meiji<br />
(antes da segunda metade <strong>do</strong> século XIX), a descendência<br />
patrilinear tenha si<strong>do</strong> menos importante, mas que obrigam a<br />
reconhecer atualmente seu papel crucial. Apontan<strong>do</strong> a necessidade<br />
de "mais estu<strong>do</strong>s da história da descendência como um<br />
valor", a autora mostra ter percebi<strong>do</strong> a necessidade de uma<br />
análise da significação deste princípio e não apenas sua<br />
efetividade como norma, porque só partin<strong>do</strong> daí podemos<br />
compreender sua maleabilidade.<br />
Se aceitarmos a posição extrema de Nakane, corremos o<br />
risco de "jogar a criança com a água <strong>do</strong> banho" pois, negan<strong>do</strong><br />
a realidade <strong>do</strong> princípio de descendência que, apesar disto<br />
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