Estrutura Familiar e Mobilidade Social - Estudo do
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mentos uxorilocais, principalmente quan<strong>do</strong> sua função é<br />
cooptar um sucessor para o chefe de família.<br />
A "descendência como valor opera na ideologia de<br />
Nakayashiki em conjunto com outros valores, ideais e crenças<br />
e, alguns deles, em certas ocasiões têm precedência sobre<br />
a descendência. O valor, por exemplo, de que a família central<br />
(<strong>do</strong> <strong>do</strong>zoku) e sua residência devem continuar indefinidamente,<br />
está coloca<strong>do</strong> muito alto na ideologia de Nakayashiki<br />
e, em certas circunstâncias, prevalece sobre o valor da descendência"<br />
(Brown, 1966, p. 1 146).<br />
Esta interpretação de Brown é diversa da de Befu (1962,<br />
1963) na medida em que, para ela, um modelo cognático não<br />
consciente explica to<strong>do</strong>s os comportamentos reais e, por isso,<br />
é mais adequa<strong>do</strong>. Para Befu a linha de sucessão e a hierarquia<br />
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>zoku são pensadas através <strong>do</strong> modelo agnático, porém,<br />
dada a função econômica <strong>do</strong>s grupos familiares, vários expedientes<br />
são utiliza<strong>do</strong>s para manter a patrilinearidade sem comprometer<br />
os interesses coletivos.<br />
Portanto, os <strong>do</strong>is autores perceberam uma distância entre<br />
o modelo ideológico e os fenômenos, porém Brown, recorren<strong>do</strong><br />
à sofisticação da terminologia de parentesco, faz a discussão<br />
girar em torno da adequação ou não <strong>do</strong> termo<br />
patrilinear para descrever a situação japonesa, deixan<strong>do</strong>-se<br />
de la<strong>do</strong> a questão mais importante que é saber como se relacionam<br />
os comportamentos reais e a ideologia vigente. Para<br />
dar este passo seria necessário demonstrar como se relacionam<br />
o modelo patrilinear consciente e o cognático não formula<strong>do</strong><br />
conscientemente.<br />
Befu, talvez pela sua maior participação na sociedade japonesa,<br />
percebe a importância da patrilinearidade, mas não<br />
enfrenta o problema de explicar os desvios <strong>do</strong> padrão, senão<br />
demonstran<strong>do</strong> que eles são funcionais. E, se são funcionais e,<br />
como já vimos, sanciona<strong>do</strong>s até legalmente, é preciso especular<br />
um pouco mais para compreender sua significação.<br />
Estes <strong>do</strong>is autores poderão ser aproxima<strong>do</strong>s, se admitir-<br />
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